“Não temos plano B. O nosso plano é o Bolsonaro candidato”, diz o presidente do PL. O que essa confissão revela? Vamos fazer uma análise crítica?
Os destaques positivos do Brasil nas comparações com outros países membros da OCDE figuram três pontos. Veja
1. Crescimento econômico em 2024
O Brasil teve um desempenho notável em termos de expansão do PIB em 2024. Com crescimento de 3,4%, o país figurou entre as sete economias com melhor desempenho, superando a média da OCDE (1,7%), da União Europeia (1%) e do G7 (1,7%).
2. Índice de inovação — Global Innovation Index (GII). No ranking global da inovação, o Brasil está em 49º lugar entre 132 países, assumindo a liderança na América Latina e Caribe — superando chilenos e mexicanos e finalmente,
3. Salvo exceções, um ponto positivo adicional:
Segundo o índice “Government at a Glance – América Latina 2024”, o Brasil apresenta um desempenho acima da média na região em adoção sistemática de práticas governamentais(0,8 de 1) e em metodologia (0,79 de 1),
Acontece que todo esse contexto é “mortalmente ferido” por ideologias políticas que infestam as nossas redes sociais numa forma de mobilizar a população em prol de
👉🏻 algum projeto de poder,
👉🏻 de interesses que não os coletivos ou de
👉🏻 atrair o maior número possível de eleitores - exatamente aqui o interesse financeiro que esclareço no fim do texto.
No entanto para entender tudo isso é preciso que você saiba o que são Partidos políticos. Sabe o que são? Não? Aqui está:
- são organizações permanentes que reúnem pessoas em torno de ideias, valores e projetos de poder.
- Eles servem como ponte entre a sociedade e o Estado: articulam demandas sociais, formulam programas de governo e disputam eleições para ocupar cargos públicos.
As principais funções dos partidos são cinco:
- Representação política – dar voz ao povo;
- Organização do poder – selecionar candidatos, disputar eleições e compor governos;
- Produção de políticas públicas – formular propostas e programas de governo;
- Educação política – esclarecer, mobilizar e conscientizar a população sobre temas coletivos;
- Fiscalização – quando na oposição, vigiar e cobrar os que estão no poder.
Agora que já sabe o que são partidos e conhece as suas funções saiba os tipos de partidos que existem -
Catch-all parties, ou “partidos pega-tudo”, e
Partidos personalistas os que giram em torno da figura de um líder, muito comum na América Latina.
Em tempos atuais os partidos são essenciais para a democracia representativa igual a nossa.
Acontece que os partidos políticos vivem um momento de desafio, já que precisam se adaptar às novas formas de comunicação e à crescente desconfiança da sociedade. Aqui os “paraquedistas candidatos” ganham terreno.
Os partidos personalistas mais comum são partidos que não têm ideologia clara nem programa sólido. Isso é um problema enorme. Eles possuem força centrada na imagem de um líder carismático, que mobiliza apoios diretos da população.
Assim quando esse líder enfraquece, o partido também desmorona — porque não existe estrutura institucional para sustentá-lo.
Os problemas emergenciais que assolam a América Latina é terreno fértil para eles.
Daí ser muito comum histórico de partidos personalistas por causa de fatores como:
• Fragilidade institucional: partidos muitas vezes são vistos como corruptos ou ineficazes.
• Cultura política caudilhista: tradição de líderes fortes, que se apresentam como “salvadores da pátria”.
• Crises recorrentes: em momentos de instabilidade, o eleitor tende a confiar mais em pessoas do que em partidos.
A Argentina com o peronismo é um caso peculiar, a Venezuela com o chavismo é essencialmente personalista, Nicolás Maduro herdou o partido, mas perdeu grande parte do carisma fundador.
No Brasil, o bolsonarismo é exemplo claro: o PSL (partido pelo qual Bolsonaro se elegeu) não tinha identidade antes dele e implodiu depois da saída; hoje o PL vive o mesmo fenômeno.
Finalmente o Peru com Fujimori, onde vários partidos surgem e desaparecem junto com candidatos específicos, sem consolidação duradoura.
A maior fragilidade institucional desses modelos de partidos é que sem o líder, o partido se dissolve ou perde força.
Possuem ainda concentração de poder – a política vira extensão da vontade de uma pessoa.
Exploram a polarização extrema – apoiadores e críticos passam a se organizar em torno da figura do líder, não de ideias ou programas.
Tudo isso porque esse seguimento partidário tem muita dificuldade de alternância saudável – o partido personalista pode tentar perpetuar o líder (reeleições sucessivas) ou transferir o poder para familiares e aliados próximos.
Apesar de todos esses riscos, partidos personalistas sobrevivem porque:
- Comunicam de forma direta, apelando à emoção.
- São capazes de criar identificação popular (“ele é um de nós”).
- Se adaptam rapidamente às redes sociais, onde a imagem do líder importa mais do que programas escritos.
Isso confirma que partidos personalistas são um atalho da democracia frágil funcionam como canais de mobilização imediata, mas enfraquecem a institucionalidade e dificultam a criação de projetos políticos consistentes.
Agora voltemos aos dados positivos do Brasil nos rankings da OCDE, você sabe dizer “quanto custa o Partido Liberal (PL) ao Brasil”? Falo do PL porque afinal é o partido com a maior bancada atualmente, e acumulou em 2024 um financiamento público superior a R$ 1 bilhão, excluindo eventuais recursos privados.
Caramba, é volume enorme de recursos públicos mais até do que o atual partido do governo, o PT!
Para destrinchar isso, vamos fazer com base nos principais mecanismos de financiamento público e fatos recentes:
O PL, gastou uma parte considerável dessa grana toda, alocando em estruturas partidárias internas com baixa transparência, levantando debates sobre governança, accountability e uso eficiente do dinheiro público.
Esse dinheiro chega até aos partidos de duas modalidades:
• Fundo Partidário é destinado à manutenção dos partidos — despesas como salários, aluguel, assessorias e funcionamento diário.
. Fundo Eleitoral (“Fundão”) - Fundo Especial que financia exclusivamente campanhas eleitorais e atingiu em 2024 o valor recorde total de R$ 4,96 bilhões.
Foi o PL que recebeu a maior fatia desse montante: R$ 886 milhões segundo projeções.
Veja a tabela:
Fonte | Valor (R$) |
Fundo Partidário (2024) | R$ 170,3 milhões |
Fundo Eleitoral (FEFC) | R$ 886–887 milhões |
Total aproximado | R$ 1,06 bilhão |
Em 2025, o PL deverá receber R$ 194,1 milhões do fundo partidário, um aumento de R$ 23,8 milhões em relação a 2024.
Demonstrei todos esses dados para que o leitor entenda essa frase — “Não temos plano B. O nosso plano é o Bolsonaro candidato” — que foi publicada pelo atual presidente do PL, Waldemar Costa Neto, em suas redes sociais.
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| Waldemar Costa Neto, presidente do PL |
Essa frase tem um peso político grande e revela algumas camadas de leitura:
A frase soa mais como uma confissão de fraqueza do que de força. Apoiar-se exclusivamente em Bolsonaro revela:
- Dependência do personalismo - O movimento não conseguiu formar quadros políticos viáveis fora da sombra do ex-presidente.Isso mostra pobreza de liderança e ausência de projeto político de longo prazo.
- Aposta arriscada - Bolsonaro está inelegível e colocar todas as fichas nele é expor a direita a um possível vazio de representação no momento decisivo.
- Imobilismo estratégico - A recusa em preparar alternativas é um erro tático: movimentos políticos maduros trabalham sempre com cenários múltiplos. Ao não fazê-lo, o bolsonarismo parece mais guiado pela fé no mito do que pela racionalidade política. Finalmente,
- Isolamento do campo político - Enquanto outras forças já discutem sucessores, alianças e ajustes de discurso, a direita bolsonarista se mantém presa a uma figura em declínio de popularidade internacional e sob forte desgaste interno.








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