Trump conseguiu um feito curioso: fortaleceu Lula, isolou o bolsonarismo e transformou os EUA numa caricatura de potência cansada
The Economist' retrata Bolsonaro como extremista e diz que julgamento de ex-presidente é 'lição de democracia' para os EUA, divulga o portal glo.bo/45Ex1tR
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A movimentação de Donald Trump, ao radicalizar o discurso e expor fragilidades institucionais nos Estados Unidos, acabou tendo efeito indireto no Brasil: fortaleceu a imagem de Lula como estadista, contribuiu para o isolamento político do bolsonarismo e projetou os EUA como uma espécie de caricatura de potência do passado, incapaz de lidar com seus próprios dilemas democráticos
Esse enquadramento do Brasil pelo site The Economist é provocador e até saboroso, porque inverte uma lógica histórica:
- O Brasil sempre foi retratado como aluno atrasado das democracias liberais, e os EUA como “modelo”.
- Agora a The Economist coloca a situação quase de ponta-cabeça.
🔎 Alguns pontos para pensar:
- Força institucional – O STF, goste-se ou não de seus métodos, impôs freios a um projeto autoritário. Isso é raro em democracias mais frágeis, e pode ser lido como um sinal de maturidade.
- Custo político – O julgamento de Bolsonaro não só definiu o destino de um líder, mas sinalizou que mesmo quem esteve no topo do poder pode ser responsabilizado.
- Comparação com os EUA – A falha do sistema norte-americano em conter Trump (com o Congresso dividido e a Suprema Corte em compasso político) escancara uma fragilidade que o Brasil, paradoxalmente, conseguiu superar nesse episódio.
- Risco de autoengano – Uma capa elogiosa não apaga os problemas estruturais: polarização persistente, desconfiança em relação às instituições, déficit de legitimidade do próprio STF e a chance de novas crises em 2026.
Há, nesse cenário, certa confusão de alguns legisladores — lembre-se: a função de legislar é do Parlamento — que difundem, de forma equivocada, a ideia de que o STF estaria legislando. Ledo engano.
A principal atribuição do Supremo Tribunal Federal é interpretar as leis já vigentes ou recém-aprovadas pelo Poder Legislativo, sempre sob o prisma da Constituição. Toda norma, sem exceção, deve passar pelo crivo constitucional. Quando há dúvidas quanto à compatibilidade de uma lei com a Constituição, cabe ao STF decidir. Isso, porém, não significa legislar, muito menos politizar sua função.
Efeito Vinculante e Poder Legislativo
As decisões do STF em ações de controle concentrado — como a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) ou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) — possuem eficácia geral e efeito vinculante, obrigando os demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública. Contudo, esse efeito não se estende ao Poder Legislativo, que mantém a prerrogativa de editar nova lei com conteúdo idêntico ao anteriormente declarado inconstitucional, desde que respeitados os limites constitucionais.
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A “ótica” constitucional não tem poder de “ativismo” ou sequer de “legislar” |
💡 Talvez o Brasil não seja ainda “professor” de democracia, mas mostrou que pode surpreender positivamente quando testado. É mais “nota de recuperação” com bom desempenho do que “modelo exportável” consolidado.
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