Governo dos Estados Unidos abocanham 10% da Intel. Em 1996 o Brasil tinha tamanho, mas não teve atitude, já a Costa Rica tinha atitude, e virou protagonista.

Pra começar a conversa é do conhecimento de todos que dívida nacional dos EUA é maior que o seu PIB.  Sua divida representa cerca de 123% do PIB. 

É um número enorme, mostrando que o país deve mais do que produz em um ano. Mas e dai? Estados Unidos é a segunda maior economia global. 


Afinal “dever” é um dos pilares do capitalismo, já que no fim de tudo “só deve quem pode”, e tenho como certo que alguém ao pedir um empréstimo bancário já sentiu “na pele” o que significa isso. 


Exatamente nessa ordem: Se a dívida nacional dos EUA for igual ao PIB, significa que a relação dívida/PIB é de 100%. No capitalismo isso não é sinal de “estabilidade econômica, antes é de estagnação”.


Em termos simples: se o total de dinheiro emprestado do país corresponde ao valor de todos os bens e serviços que ele produz em um ano o cenário econômico não é favorável. 


Dívida maior que PIB pode até indicar custos de empréstimo mais altos ou dificuldades econômicas, aliás quase todas nações mantêm índices acima de 100% com crescimento. Isso é sinal de desenvolvimento e crescimento econômico. E o Brasil incorpora esse ranking. 


Ainda que “especialistas econômicos tupiniquins” teimem em ver o crescimento da dívida com “obstáculos e dificuldades”. No entanto um país só impõe respeito econômico em proporção divida-PIB desigual. 


Nesse cenário a Forbes divulga na sexta-feira (29/8), que o presidente Donald Trump anunciou que o governo dos EUA assumiria uma participação de 10% no fabricante de hardware Intel, envolvendo o governo na indústria de tecnologia privada de uma maneira nova e sem precedentes.

  • Por que isso chama atenção do mundo inclusive do Brasil? 

Porque a Forbes descobriu que a Intel tinha parcerias pouco conhecidas com várias empresas de vigilância chinesas, incluindo a Uniview — que chegou a uma lista de sanções dos EUA no ano passado “porque permite violações dos direitos humanos, incluindo vigilância de alta tecnologia direcionada à população em geral, uigures e membros de outros grupos minoritários étnicos e religiosos”. (A Uniview pediu aos EUA que reconsiderassem as sanções.). Será que cessaram tais violações agora que os Estados Unidos são os donos de 10% da Intel? 

  • Qual o destaque dos Estados Unidos abocanharem 10% da INTEL? 

O site em língua chinesa da Intel incluiu documentos referentes a parcerias com a 

  • 👉🏻 Hikvision, um grande fabricante de câmeras de vigilância que foi atingido por uma enxurrada de sanções nos últimos cinco anos, 
  • 👉🏻 Cloudwalk, uma empresa de reconhecimento facial que foi sancionada em 2021. 
  • Ambas as empresas foram acusadas pelo governo dos EUA de supostamente permitir abusos de direitos humanos por meio da vigilância dos uigures.

Quem são os uigures? Povo de origem turcomena que habita principalmente a Ásia Central tem uma longa história de discórdia entre o governo central da China e a minoria uigur. 

  • O que o Brasil tem a ver com isso? Ops, vamos lá. Vou explicar direitinho esse cenário. 

Tudo aconteceu em 1995 quando a Intel começou a procurar países para instalar uma planta de montagem e testes de processadores Pentium.

Os Países candidatos eram: Argentina, Brasil, Chile, México, China, Índia, Indonésia, Coreia, Porto Rico, Cingapura, Taiwan e Tailândia.

  • A Intel avaliou os países com base numa checklist bem rigorosa.Para isso a Intel exigiu critérios como: 

👉🏻 estabilidade política e econômica, mão de obra qualificada, custo estrutural competitivo, logística eficiente, burocracia reduzida e rapidez em licenciamento.

  • Brasil entrou na disputa com prioridade: 

Brasil em 1995 tinha recém iniciado o Plano Real que  havia trazido estabilidade, e atraindo investimentos estrangeiros.


Com a novidade do sucesso do Plano Real os Executivos da Intel visitaram Brasília e São Paulo em 1996.

  • O que aconteceu depois? 

Aí que encaramos o problema, já que se desconhece até hoje os motivos que as autoridades da época barraram essa situação. Confira:


Chuck Pawlak, que era um vice-presidente de International Site Selection da Intel, já Brasília, falou com o Ministério da Indústria e Comércio e anunciou a hipótese da Intel vir pro Brasil e investir até 1 bilhão de dólares. 


Dorothea Werneck


A ministra da época - Dorothea Werneck - queria muito que a fábrica viesse para o Brasil, já que era uma boa hora para investimentos externos porque o Plano Real tinha acabado de trazer certa estabilização econômica por aqui e muitas empresas estrangeiras queriam vir pra cá.


Mas, parou por aí, em seguida a conversa do pessoal da Intel não foi muito boa com o ministro José Israel Vargas, da Ciência e Tecnologia, naquela época.


José Israel Vargas


Gazeta Mercantil até noticiou o encontro do ministro Vargas com os executivos da Intel em março. A reportagem termina com a seguinte fala do ministro: “Não temos que fazer nenhum esforço de barganha”. 


A INTEL insiste com o ministro da Fazenda da época, Pedro Malan, este nem recebeu a delegação da empresa. Uau 

Pedro Malan

Ex-ministro da Fazenda do Brasil


A Intel partiu para a esfera estadual, e o governo de São Paulo chegou a esnobar a equipe da Intel – destaque que era lá que a empresa queria construir a fábrica.

  • Mas por que o governo de São Paulo teria esnobado a Intel? 

De acordo com um economista que estudou o investimento da Intel na Costa Rica anos depois, o governador Mário Covas (que era governador de São Paulo naquela época) “rejeitou explicitamente a concessão de incentivos fiscais à Intel“, já que São Paulo estava recebendo muitos investimentos estrangeiros na época. Uau 


Deixo as reflexões pessoais de cada leitor os reais motivos que as autoridades brasileiras menosprezaram a Intel. Mas considere que na década de 90 era praxe incluir na verba para grandes obras públicas “comissões de empreiteiras” (famosos 10%). 


Resultado? Como era de se esperar, o Brasil foi excluído da seleção no meio do processo. O gerente da Intel no Brasil, o Paulo Cunha, disse à revista Exame que “uma série de eventos desestimulou a ida para São Paulo“, e no final das contas, a Intel acabou escolhendo a Costa Rica. 

  • Como termina essa história? Bem, em 2025 o governo dos Estados Unidos agora é o dono de 10% da Intel 

A Intel destacou o uso de seu processador Atom nas câmeras inteligentes Juyan da Cloudwalk, que disse que estavam focadas no varejo (arquivadas aqui). 



Logo em seguida a Intel removeu as páginas de seu site depois que esta história foi publicada na Forbes( link da reportagem abaixo). 

Por que será? Em troca de 10%, os Estados Unidos estão a utilizar em solo americano câmeras de vigilância produzida pela China. Uau 









Imagens disponíveis e retiradas do Google 

Sites e links de pesquisas, compilações parciais do texto: 

https://www.forbes.com/sites/emilybaker-white/2025/08/26/intel-worked-with-chinese-firms-sanctioned-for-enabling-human-rights-abuses/


https://www.mundoconectado.com.br/videos/video-tecnologias-curiosidades/por-que-o-brasil-nao-tem-fabrica-da-intel-como-perdemos-bilhoes-em-investimento/


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