O atual indiciamento de Bolsonaro poderia ser confundido com perseguição política?
Quando falamos em “perseguição política” o que logo vêm à mente? Um embate em um cenário de lutas políticas. Mas não é bem assim! Vou provar, vamos lá:
O atual indiciamento de Bolsonaro nada tem a ver com perseguição política ainda que a sua defesa, de primeira mão, chamou a denúncia da PGR de “narrativa fantasiosa e perseguição política”.
Lembrando que a Polícia Federal levou três anos de extensas investigações para concluir os inquéritos.
Para entender melhor todo esse complexo cenário voltamos a uma sexta-feira lá pelos idos de agosto de 2020. Ou seja estamos em sessão do Congresso Nacional ocorrida quase cinco anos atrás.
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O ministro André Mendonça, em abril de 2020 JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL |
Exatamente nesse dia, um dos dos atuais ministros do STF, André Mendonça - indicado ao STF por Bolsonaro como um ministro “terrívelmente evangélico” - comandava nessa época o Ministério da Justiça.
Assim o ex-ministro afirmou naquela tarde de sexta-feira perante um grupo de 12 parlamentares em depoimento sigiloso que durou 3 horas na sessão virtual da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional:
- “Fui me deparar pela primeira vez com um relatório de inteligência justamente em função deste caso concreto, o relatório existe”,
Foi a primeira vez que algum representante do Governo Bolsonaro à época sem partido - já que Bolsonaro tinha acabado de romper com o PSL de Luciano Bivar, admite a existência do documento.
- Que documento era esse?
Lembre-se que após essa crise com Bolsonaro, o PSL se fundiu com os Democratas criando o União Brasil, partido do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
Voltamos ao documento que tratava-se de um extenso relatório de monitoramento de grupo antifascista, ou seja era um relatório (dossiê) que monitorava 579 servidores públicos da área de segurança pública, policiais e professores universitários que se alinham com o movimento antifascistas. Cidadãos que NÃO concordavam com o fascismo e talvez por isso, não se sabe, estavam sob monitoramento do governo à época. Uau
Para ter uma ideia, a existência desse documento acendeu alerta entre organismos de direitos humanos e críticos de Bolsonaro. A polêmica foi enorme.
Eles viam no monitoramento o desejo do Planalto de criar uma “polícia política”.
Um dos alvos do monitoramento, o antropólogo e ex-secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, disse que Bolsonaro com o dossiê conseguiu realizar seu sonho de recriar o SNI (Serviço Nacional de Informações) nos moldes da ditadura militar. Hoje esse “sonho” de Bolsonaro parece virou um “pesadelo”.
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Luiz Eduardo Bento de Mello Soares, cientista político |
Luiz Eduardo Soares é considerado um dos mais importantes especialistas em segurança pública do Brasil. Ele é o autor do livro que inspirou os filmes Tropa de Elite(1-2) famoso pela frase:-“pede pra sair mano e você é um fanfarrão”.
Naquela época o Diretor de Inteligência foi demitido e continuou a defender o sigilo de monitoramento de opositores.
O diretor demitido era Coronel Gilson Libório de Oliveira Mendes que deixou em aberto de onde partiu a ordem para elaboração de dossiê.
Veja que foi um ex-ministro de Bolsonaro que admitiu a existência do relatório.
Hoje, André Mendonça como atual ministro do STF engrossa a fileira dos ministros que compõem a Segunda Turma do STF. Junto com eles estão os ministros: Edson Fachin, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, André Mendonça e Kassio Nunes Marques.
- Daí o ex-ministro de Bolsonaro não vai julgar a denúncia da PGR? Não!
Quem vai julgar é a Primeira Turma do STF composta pelos ministros:
Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia. Uau
Por que é assim? Como todas circunstâncias - com o STF não é diferente - em dezembro de 2023, os ministros do STF decidiram mudar o Regimento Interno e transferiram a análise de casos criminais para as turmas.
Qual o motivo da mudança? Até junho de 2014, esses processos eram analisados sempre em plenário.
A narrativa vem de longa data. Veja: Depois do julgamento do mensalão, em 2012, os ministros mudaram o regimento e passaram a julgar as ações penais nas turmas.
- Quais os problemas que o STF enfrentou à época para decidir pela mudança?
“A mudança foi motivada por um trauma: durante os seis meses do julgamento do mensalão, não se falava em outro tema na corte.” O Tribunal ficou monotemático, quase menosprezando outros temas de igual importância pro cenário jurídico do Brasil.
As atividades do STF foram praticamente paralisadas, e outras ações foram para o fim da fila.
Piorou com a Lava Jato em 2015, sendo a vez da Segunda Turma, colegiado que julgava os processos, ficar sobrecarregada.
Com isso em 2020, os ministros transferiram novamente as ações penais para o plenário.
Foram encorajados pela nova regra do foro privilegiado, que diminuiu a quantia de processos criminais no tribunal.
Com isso risco de congestionamento das atividades do plenário, ficou menor.
Mas em seguida veio os ataques de 8 de janeiro de 2023, com nova enxurrada de inquéritos e ações penais.
Assim os ministros consideraram mais adequado que os julgamentos fossem nas turmas, para dar maior celeridade aos casos e evitar que o tribunal se tornasse novamente monotemático – como no julgamento do mensalão, que ocupou um semestre inteiro do plenário.
Veja que o STF constrói sua atuação visando oferecer aos cidadãos maior qualidade das decisões definitivas voltadas na melhoria da situação coletiva social.
O STF age assim para se blindar contra as acusações de “ativismo político” lançadas da ineficiência de alguns advogados de defesa dos acusados. Estes dispostos a tudo de “olho nos gordos honorários” se dispõem até mesmo a denegrir a eficiência da Corte Maior do Brasil.
Felizmente com uma justiça mais moderna e segura o nosso STF tem possibilidade de proferir uma decisão mais justa em cada caso concreto. Aplausos para nossos magistrados.
Imagens disponíveis e retiradas do Google
Sites e links de pesquisas e compilação parcial dos textos:
Elucidativo o seu artigo. De fato, alegar perseguição política como o faz o inominável e seus sequazes quando tantos crimes estão documentados, provados, filmados e compartilhadosnas mídias não passa de choro de perdedores.Esperamos que a justiça se faça sem delongas. Ainda a mencionar: porque querem anistia se ainda nem foram julgados? Não seria reconhecimento de culpa?
ResponderExcluirÉ exatamente isso Arlindo. Nessas circunstâncias insisto no tema que a oposição política aqui no Brasil, precisa urgentemente se refazer pois de outra forma vão ficar patinando na mesmice repetindo temas já vencidos e ultrapassados copiando as “tiranias” do seu único mentor: a política norte-americana. Nós estamos anos-luz à frente deles
ExcluirRepare na afinação cômica da imagem no final do texto: moradores de rua sem renda de consumo comentam o “assustador alto preço da carne”sem sequer terem condições para comprá-la. Risos, assim mesmo se comporta a oposição política do Brasil
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