Pobres não são nobres! Será que não? A luta de classes no atual Congresso Nacional
- Quem já não ouviu falar de “áreas nobres” em um anúncio imobiliário?
- Ou ainda notícias de crimes cometidos em “bairros nobres”?
- Esse preconceito de associar a ideia de “nobreza” aos “ricos” está tão arraigado na sociedade Ocidental que sequer reparamos quando estamos a estimular essa discriminação entre “pobres e ricos”.
Isso é muito mais antigo do que sabemos. Mas nem sempre foi assim. Vou provar para o leitor.
Mas primeiro é preciso lembrar o evento ocorrido com Senadores da República Romana uns 160 anos Antes de Cristo.
Tiberio Graco junto com seu irmão Caio, conhecidos como Irmãos Gracos, foi um proeminente politico - Senador da Plebe - que provocou um grande tumulto em Roma com suas propostas de leis agrárias que buscavam transferir um pouco da riqueza dos mais ricos para os mais pobres.
Tem mais Tibério, foi reeleito em 133 a.C. com uma plataforma que prometia:
- reduzir o tempo de serviço militar,
- acabar com a exclusividade dos senadores no serviço como juízes, estendendo a possibilidade para outras classes sociais,
- e estender aos não italianos a cidadania romana todas propostas populares na Assembleia da plebe.
Não deu outra, cultivou o ódio dos mais ricos e por isso teve que pedir proteção para si e sua família.
Em um evento que reuniu a plebe (pobres) no Capitólio romano irrompeu uma grande confusão.
O primo de Tibério, Publio Cornélion Cipião Násica recém eleito pontífice máximo alegou que Tiberio queria se tornar rei e exigiu que os senadores agissem. Pra variar uma versão da fakenews na política.
Não deu outra, no confronto que se seguiu, Tibério foi surrado até a morte com paus e porretes feitos com os bancos da Assembleia.
Seu colega tribuno Públio Satireio foi quem deu o primeiro golpe em sua cabeça. Mais de 300 aliados, incluindo Tibério, foram assassinados com paus e pedras.
O fim melancólico de Tibério Graco" numa charge do século XIX |
Foi a primeira vez que um ato de tamanha violência política-civil ocorreu em Roma.
Veja que desde a Antiguidade os eventos que tratam a história da política, os aristocratas e os ricos que monopolizavam o poder eram gananciosos, em especial nos momentos em que os interesses de classe - a luta entre pobres e ricos - estavam ativos. Até hoje é assim.
Esses conflitos sociais acabaram por se converter em lutas partidárias, ameaçando até mesmo a própria existência da sociedade: hoje é a Direita contra a Esquerda.
A classe dominante - os ricos - não pode perder a sua capacidade de governar sem ver isso como ameaça.
E isso é usado até nos dias atuais em um contexto ideologicamente carregado - comunismo, tirania, extremismo, facismo, polarização, entres outros - no entanto não deixa de ser um permanente conflito entre os ricos e os pobres.
Agora voltamos ao tema. Pobres não são nobres? É claro que são. Veja:
A Nobreza é um antigo conceito associada em graus variáveis
à riqueza,
ao poder,
ao domínio da propriedade,
ao prestígio,
à notoriedade,
ao pertencimento a uma família antiga e ilustre,
à posse de privilégios variados negados às outras classes
E se articula como um grupo social mais ou menos fechado.
Acontece que na Antiguidade a nobreza era uma qualidade volátil e circunstancial, dependente de um reconhecimento mais social do que jurídico, tipo a capacidade de liderança,
Só foi a partir da Idade Media que o conceito de nobreza se distorceu na forma como se tornou mais conhecida no Ocidente.
João II da França ordenando cavaleiros. A ordenação era um dos mais importantes meios de admissão à nobreza na Idade Média. |
Passou a ser regida por leis rigorosas e tornou-se transmissível de maneira hereditária valorizando mais títulos nobiliárquicos específicos.
Nessa época a nobreza se dividiu em duas grandes categorias: a nobreza de origem feudal e a militar.
Já a nobreza de origem cívica passou a ser um grupo muito heterogêneo chamado de alta burguesia, ou seja aqueles que alcançavam riquezas, os ricos, ou chamados de nobreza cívica.
Retrato de Jakob Fugger (1459-1525), grande burguês de Augsburgo é o mais rico comerciante da Europa em sua geração, com sua esposa Sybille Artzt
Aristoteles no livro III da Política disse:”A tirania é o governo de um só para beneficio do governante, a oligarquia para benefício dos ricos, a democracia para benefício dos pobres”. Isso diz tudo!
Nos dias atuais se poucos ou muitos governam isso é acidental, uma vez que eleições é um rito de escolha popular constante.
A verdadeira diferença entre a oligarquia e a democracia está na pobreza e na riqueza.
Os ricos sempre foram poucos em toda parte e os pobres muitos. Aqui nasceu o contrato ou controle social: o Estado de Direito.
Enquanto os valores da Direita teimam em perpetuar isso, baseando o merecimento de poucos à riqueza, já a Esquerda não dá a mínima para riqueza teima em perpetuar a igualdade social.
Fundamentalmente é isso que norteia as amargas queixas políticas que devoram o presente das nossas atuais políticas públicas. “É tirar dos ricos para dar aos pobres”, ou ideias tipo “os ricos sustentam os pobres”. E o Congresso atual tende a perpetuar essas práticas.
Recentemente o atual Governo Lula voltado, incontestavelmente, para diretrizes e interesses das classes menos privilegiadas, sofreu uma pressão enorme de reprovação das suas propostas no Congresso Nacional.
Um Congresso arrogado no direito irrestrito de determinar quando os cidadãos pobres estão às custas dos cidadãos ricos com tal gravidade que isso justifica a suspensão dos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros.
Vídeo extraído do https://www12.senado.leg.br/noticias/videos/2022/08/veto-a-criminalizacao-de-fake-news-aguarda-analise-de-parlamentaresQual seja, informações públicas adequadamente esvaziadas de incertezas, inverdades ou mentiras, as fakes news ou desinformações. Em especial quanto ao seu uso em qualquer contexto. Muitos consideraram isso como “vitória”. Arfh
Pelo visto a atual classe dominante no Congresso não passa de “pasteleiros” transitando livremente nas ideias e jogando com as “palavras” de um modo não menos inteligível.
É a hora da “fritura” às intenções do governo dos mais pobres. Afinal, em dado momento são eles - os políticos - quem decidem. Será? Lembrando que em outro momento, são os cidadãos que decidem os “recheios desses pastéis”, afinal Democracia é isso: uma luta desigual entre o rico e o pobre, não tanto assim.
Desigualdades existem, bairros “nobres”, não! |
Que vença o melhor nesse round, enquanto soa o gongo. Você achando que essa luta de classes é exclusivo do Brasil? Veja a luta política do Partido Socialista (PS) de Portugal em constante luta contra as novidades do recém eleito Chega de ideologia Direita Radical:
Imagens disponíveis e retiradas do Google
Sites de pesquisa
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7656301/mod_resource/content/1/FINLEY%2C%20M.%20A%20Política%20no%20Mundo%20Antigo..pdf
O povo desconhece o sentido e o valor do voto e, no geral, vota em quem vai continuar a ferrá-lo. Como consequência do analfabetismo político e ignorância a cada eleição parece que o povo vota cada vez mais contra si.
ResponderExcluirÉ exatamente isso Arlindo Zuchello,
ExcluirMas acredito no nosso povo brasileiro, a gente um dia subirá nesse pódio de “voto consciente”