As percepções lamentavelmente exageradas sobre a alavancagem do dólar face ao real. Isso não é nenhuma novidade, e não deve ser atribuído ao mercado brasileiro!

O dólar estratosférico. Isso não é nenhuma novidade. 

“O mercado está muito preocupado com as contas fiscais [do Brasil] e especialmente com a resposta do governo a elas”, disse Eduardo Cohn, gerente de portfólio da Heritage Capital Partners em São Paulo. 

E continuou: 

“A única maneira de o mercado chamar a atenção do governo é através da [taxa de câmbio).”


O gerente da Heritage está transferindo para o mercado a autoria do ataque especulativo, e com isso indica que o mercado brasileiro teria a capacidade de manipular o fluxo cambial como um alarme para o governo. 


Acontece que não é bem sim. Há uma incorreção nessa avaliação. 

Essa aptidão de fortalecer o dólar está longe pertencer ao mercado brasileiro. Vou provar isso. Vamos lá 


Desde o início se outubro o dólar subiu 6,2%.

Isso representa o seu melhor trimestre desde os estágios iniciais da campanha de aumento da taxa de juros do Federal Reserve em 2022.


Isso ocorreu à medida que os mercados começaram a esperar que o candidato republicano vencesse a eleição de novembro e com isso implementasse seus planos de tarifas comerciais e cortes de impostos. O mercado embarcou nesse alvoroço. 


As últimas quedas acentuadas para o real vieram depois que o Federal Reserve dos EUA baixou as taxas de juros em um quarto de ponto na quarta-feira, mas sinalizou menos cortes do que o previsto em 2025 — empurrando o dólar para cima acentuadamente.


Vamos levar essa realidade rapidamente para 2025. Nele temos os planos econômicos do presidente eleito Donald Trump. 

  • Quais são esses planos? 

Implicam na imposição de grandes aumentos tarifários em toda a linha da China, e grandes cortes de impostos que aumentarão maciçamente a dívida e os déficits dos EUA. 


Esses planos, reduzindo a poupança nacional dos EUA, necessitando de mais entrada de capital e tornando as exportações de estrangeiros menos competitivas, poderiam ampliar os déficits comerciais dos EUA e colocar pressão ascendente sobre o dólar. 


Mas tem gente que aposta só contrário. Confira: 


A ideia de uma moeda mais fraca sob Trump é “um pouco de torta no céu”, disse Sonal Desai, diretor de investimentos da Franklin Templeton Fixed Income. “Parece que há um monte de fatores contraditórios.

  • “A maioria das políticas de que ele está falando até agora, que definitivamente parecem estar na frente e no centro, na verdade serão positivas para o dólar — não negativas para o dólar”, acrescentou ela.

Trump há muito tem a opinião de que um dólar forte coloca pressão indevida sobre a economia dos EUA, levando a especulações sobre se o novo governo agirá para tentar empurrá-lo para baixo. Pense numa estratégia boa para chegar ao patamar que chegou. Sigo rindo afinal todos caíram nessa! 



Dólar segue leve e estratosférico!

Enquanto isso aqui no Brasil: 

“Embora as moedas dos mercados emergentes tenham lutado amplamente desde a vitória eleitoral de Donald Trump nos EUA no mês passado, os investidores disseram que grande parte dos problemas do real decorrem de preocupações com o aumento dos gastos do governo e dos níveis de dívida sob Lula.”


Qual a vantagem que as economias fortes ancoradas no dólar tem no caso de uma economia emergente como a do Brasil se fortalecer? Nenhuma! 

  • Ao contrário perderão suas vantagens no competitivo mercado das importações e exportações uma vez que são os EUA o nosso segundo maior importador. Perdem lugar somente para a China.

Diante da ameaça que as medidas de Trump oferecem para o futuro da economia norte-americana, a única arma que eles tem para blindar isso é o que vem acontecendo. Fortalecer o dólar. 


Ainda assim a avaliação dos economistas norte-americanos sobre os rumos da economia brasileira é: 

  • -“As medidas de estímulo têm sido uma bênção para o crescimento, mas também contribuíram para níveis mais altos de inflação e levaram a questões sobre sustentabilidade fiscal.”. Segundo eles esse é o bônus da atual gestão econômica do governo brasileiro. 

Agora confira: 

“O declínio do real esta semana aumentou sua queda no acumulado do ano para 23%, tornando-o o pior desempenho deste ano no índice de moeda de mercado emergente amplamente seguido pelo JPMorgan. 


O índice de ações Bovespa de referência do Brasil caiu 27% em termos de dólares americanos este ano, em comparação com um aumento de 7% para o amplo medidor EM da MSCI, mostram os dados do FactSet.”


Quais as medidas adotadas pelo Banco Central do Brasil para se proteger disso? 

  • O BCB tentou aliviar os nervos dos investidores e contrariar o choque da pressão inflacionária, aumentando os custos dos empréstimos. 

O Banco Central elevou suas principais taxas de juros em mais de 1 ponto percentual do que o esperado na semana passada, levando a referência Selic para 12,25%.


Tem mais: 

  • “Os formuladores de políticas sinalizaram mais aumentos da mesma magnitude nas próximas duas reuniões de fixação de taxas do banco em 2025. 
  • Taxas mais altas podem ajudar a proteger o real, atraindo investidores estrangeiros, mas também esfriarão a demanda em toda a economia de US$ 2,2 trilhões do Brasil, dizem os economistas.”

Essa escalada do dólar é uma novidade recente? Obviamente que não. 


A atenção pública global  ultimamente se concentrou na ideia do Acordo Mar-a-Lago. O que foi esse Acordo conhecido como Acordo da Praça? 


Foi uma grande barganha modelada no Acordo Plaza de 1985, no qual os EUA reduziriam as tarifas sobre as principais economias em troca de ações para enfraquecer o dólar americano.


O Acordo Plaza foi um esforço do então Secretário do Tesouro, James Baker, para desarmar a pressão protecionista dos EUA. 


O dólar subiu no início da década de 1980 por trás do aperto monetário do presidente do Federal Reserve, Paul Volcker, para espragar a inflação da economia e dos déficits fiscais expansivos do presidente Ronald Reagan na esteira dos cortes de impostos e do aumento dos gastos com defesa. 


As taxas de juros dos EUA e o dólar subiram.


O dólar saiu de suas altas no início de 1985 e o Plaza Accord mais tarde naquele ano deu um impulso extra.

Agora em 2024 entramos no desgastado “copia e cola”(Ctrl+C e Ctrl+V)


Trump e a sua mansão em Mar-a-Lago 


O que vem pela frente? 

Não é provável que funcione.

Alguns apostaram na época que tal acordo poderia criar um caminho para os cortes de gastos dos EUA. 


Acontece que política orçamentária dos EUA - como toda política democrática - é fortemente impulsionada pelo Congresso. 


Naquela época nem os democratas nem os republicanos demonstraram apetite para reduzir significativamente os gastos. 


É implausível pensar que qualquer presidente ou secretário do Tesouro possa expor e entregar compromissos de política fiscal credíveis a outras grandes economias. O tempo provou isso. 


Qual foi o resultado? Sem surpresa, os EUA não colocaram sua casa fiscal em ordem. 

Nos anos seguintes, a Alemanha e o Japão tiraram uma visão vantajosa do Plaza e suas consequências foram agraciadas nas duas economias permanecendo suas vantagens até os dias de hoje. Esses dois países ocupam o 3º. e o 4º lugar no ranking das maiores economias globais. 


Já o Brasil o que fez para combater com a urgência da alta do dólar? 

  • Logo após a decisão do Fed, o BCB anunciou mais um leilão planejado de US$ 3 bilhões para o dia seguinte.

Essas vendas agressivas em dólares evitaram vendas mais pesadas no real. Mas os investidores argumentaram que ações mais fortes eram necessárias para aliviar as ansiedades sobre as finanças públicas da maior economia da América Latina.


O Brasil pode fazer o mesmo, ou seja,  adotar o velho “copia e cola” das duas economias - Japão e Alemanha - aquelas que saíram vencedoras na barganha do Mar-a-Lago ou Acordo da Praça em 1985. 


É só uma experiência repetida atravessada pelas nuances do tempos globais. 


Vamos lá, Fernando Haddad você consegue! Nosso atual Ministro é um  professor nato. Boto fé  






Imagens disponíveis e retiradas do Google 

Sites e links de pesquisas e compilação dos textos: 


https://on.ft.com/3ZCxXup


No realistic foundation for a Mar-a-Lago Accord https://www.omfif.org/2024/12/no-realistic-foundation-for-a-mar-a-lago-accord/


https://br.investing.com/news/forex-news/brasil-sofre-ataque-especulativo-porque-governo-quer-limitar-juros-diz-economista-1422076










 





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Existe vida após a morte? A banalidade da vida cotidiana nos empurra a resposta: Sim? Não?

As novas regras da LDO e os vetos do governo Lula até ao atual cenário político do Brasil. Como tudo isso afeta seu bolso?

Pobres não são nobres! Será que não? A luta de classes no atual Congresso Nacional