Tchau, Campos Neto! A alta do dólar e o adeus ao atual presidente do Banco Central
Qual a relação com a alta do dólar no Brasil?
Para entender esse complexo cenário vamos conhecer:
Nos EUA quando a Reserva Federal aumenta a taxa de fundos federais, normalmente aumenta as taxas de juros em toda a economia o que tende a tornar o dólar mais forte.
Isso produz rendimentos mais altos que atraem capital de investimento de investidores estrangeiros que buscam retornos mais altos em títulos e produtos de taxa de juros.
Os investidores globais vendem seus investimentos denominados em suas moedas locais em troca de investimentos denominados em dólares americanos.
O resultado é uma taxa de câmbio mais forte a favor do dólar americano.
Agora copie:
- Aumentos ou diminuições na taxa de fundos federais se correlacionaram bastante bem com movimentos na taxa de câmbio do dólar americano em relação a outras moedas.
Sendo assim o que é a Taxa de Fundos do Fed?
A taxa de fundos federais norte-americana é a taxa que os bancos cobram uns aos outros por emprestar suas reservas em excesso ou dinheiro. Ou seja, alguns bancos têm excesso de caixa (dinheiro de sobra), enquanto outros bancos podem ter necessidades de liquidez (falta dinheiro em caixa) de curto prazo.
Quem define essa taxa?
A taxa de fundos federais é uma taxa-alvo definida pelo Federal Reserve Bank (semelhança com o nosso Banco Central) e geralmente é a base para a taxa que os bancos comerciais emprestam uns aos outros.
No entanto, a taxa de fundos federais tem um impacto muito mais abrangente na economia como um todo.
A taxa de fundos federais é um princípio-chave dos mercados de taxas de juros e é usada para definir a taxa principal, que é a taxa que os bancos cobram de seus clientes por empréstimos. Exatamente aqui o efeito cascata atinge você.
Tem mais, as taxas de hipoteca e empréstimo, bem como as taxas de depósito para poupança, dos bancos americanos são impactadas por quaisquer mudanças na taxa de fundos federais.
No cenário econômico dos EUA para combater a inflação que começou a aumentar em 2021, o Fed começou a aumentar as taxas de juros.
Como fez isso? Elevou as taxas de uma meta de 0,25% a 0,50% em março de 2020 para uma meta de 5,25% a 5,50% em julho de 2023, que foi a última vez que aumentou as taxas.
Veja que o Banco Central na gestão Campos Neto copiou e ainda copia essa estratégia monetária.
O Fed, por meio do FOMC ou Comitê Federal de Mercado Aberto, ajusta as taxas dependendo das necessidades da economia, enquanto no Brasil é o nosso Comitê de Política Monetária-COPOM, que faz isso.
Se o FOMC americano acredita que a economia está:
- . crescendo muito rapidamente,
- . e a inflação ou o aumento dos preços provavelmente podem ocorrer,
Então o FOMC aumentará a taxa de fundos federais.
O BC do Brasil faz igualzinho.
Por outro lado, se o FOMC acredita que
- . a economia está lutando ou pode cair em uma recessão,
o FOMC reduz a taxa de fundos federais. O Brasil ultimamente não faz isso.
Sendo assim taxas mais altas tendem a desacelerar os empréstimos e a economia, enquanto as taxas mais baixas tendem a estimular os empréstimos e o crescimento econômico. Cravou?
Igualzinho ao nosso Banco Central a gestão do Fed é usar a política monetária para ajudar a alcançar o máximo de emprego e preços estáveis.
Qual a relação da taxa de Fundos do Fed com o Dólar?
Veja bem, uma das metas do Fed é alcançar o emprego pleno e preços estáveis e para alcançar essa meta eles definem, desde 2011 sua taxa-alvo anual de inflação em 2%.
Para entender melhor:
- à medida que o componente de inflação do índice aumenta isso indica que os preços dos bens de consumo estão subindo na economia.
- Se os preços estão subindo, mas os salários não estão aumentando, o poder de compra das pessoas está diminuindo.
- Essa inflação também afeta os investidores.
- Por exemplo, se um investidor está segurando um título de taxa fixa pagando 3% e a inflação sobe para 2%, o investidor está ganhando apenas 1% em termos reais.
Sendo assim quando a economia está fraca, a inflação cai, pois há menos demanda por bens para aumentar os preços, em outras palavras você compra menos.
Por outro lado, quando a economia está forte, o aumento dos salários aumenta os gastos, o que pode estimular preços mais altos. Daí é preciso controlar, entende? A atual gestão econômica brasileira no comando do Ministro Haddad vem agindo nessa área com bons resultados.
Com isso os EUA ao manter a inflação em uma taxa de crescimento de 2%, estão ajudando a economia deles a crescer em um ritmo constante e permite que os salários aumentem naturalmente.
Se tudo continuar como está, nós brasileiros também vamos chegar lá.
Dessa forma os ajustes dos EUA na taxa de fundos federais também podem afetar a inflação lá. Veja:
- Quando o Fed aumenta as taxas de juros, incentiva as pessoas a economizar mais e gastar menos, reduzindo as pressões inflacionárias.
- Por outro lado, quando a economia está em recessão ou crescendo muito lentamente, e o Fed reduz as taxas de juros, isso estimula os gastos estimulando a inflação.
Isso funciona igual a uma gangorra.
Exatamente por isso a taxa de câmbio do dólar americano desempenha um papel na inflação.
Exatamente como no Brasil também.
Quer um um exemplo? À medida que as exportações dos EUA são vendidas para a Europa, ou China ou ainda ao Brasil os compradores precisam converter euros, yuan ou reais em dólares para fazer suas compras.
Se o dólar está se fortalecendo, a taxa de câmbio mais alta faz com que os exportadores paguem mais pelos bens dos EUA, com base apenas na taxa de câmbio.
Como resultado, as vendas de exportação dos EUA podem diminuir se o dólar estiver muito forte. Mas e quando os EUA são os únicos fornecedores daquilo que o Brasil necessita comprar? Pois é, avalie as consequências para nossa economia.
Além disso, um dólar forte torna as importações mais baratas para os EUA.
Se as empresas dos EUA estão comprando mercadorias da Europa p. ex. em euros, e o euro é fraco, e o dólar é forte, essas importações são mais baratas.
O resultado são produtos mais baratos nas lojas dos EUA, e esses preços mais baixos se traduzem em baixa inflação.
As importações baratas ajudam a manter a inflação baixa, já que as empresas dos EUA que produzem bens internamente precisam manter seus preços baixos para competir com importações baratas.
Um dólar mais forte ajuda a tornar as importações mais baratas e atua como uma cobertura natural para reduzir o risco de inflação na economia. Isso para os norte-americanos é claro, já para os brasileiros representa prejuízos.
Agora traga essa realidade para o Brasil: aqui os EUA tornam-se o 2° país que mais vende, e também é o 2° que mais compra do Brasil. O primeiro é a China.
Como você pode avaliar, o Fed monitora a inflação de perto, juntamente com o nível de força do dólar antes de tomar qualquer decisão sobre a taxa de fundos federais.
A taxa principal é a taxa que afeta outras taxas de juros na economia.
Aqui no Brasil essa taxa é a Selic. Essa taxa até janeiro de 2021 vinha se mantendo estável e oscilando em menos de 2,5%.
A partir de 2021 a Selic disparou a aumentar, e agora em 11 de dezembro de 2024, foi fixada em 12,25% ao ano.
Essa última elevação de 1 ponto percentual da Taxa Selic (juros básicos da economia) recebeu críticas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), que aprovou uma “moção crítica” à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Já a inflação oficial do Brasil, nos últimos boletins divulgados apresenta expectativas de alta há seis semanas, chegando a 4,62% para o fechamento de 2024.
Essa defasagem entre o frequente aumento da taxa de juros e o controle da inflação é alvo de críticas acirradas entre o núcleo econômico do governo e o atual presidente do Banco Central.
Enquanto isso o Banco Central divulga na sua página oficial:
- “O crescimento da economia brasileira voltou a surpreender positivamente no segundo trimestre de 2024.”
Mais ainda
- “Bancos centrais das principais economias avançadas começaram a reduzir as taxas de juros.”
Confira no link abaixo:
Com a atual taxa de câmbio estratosférica quem mais lucra com o dólar alto? Somente os brasileiros donos de offshore. Campos Neto é um deles. Em 3 de outubro de 2021, Campos Neto foi citado na investigação Pandora Papers.
O atual presidente do BC trabalhou no mercado financeiro entre 1996 e 2019, parou quando assumiu a presidência do BC na gestão Bolsonaro.
- “É preciso ver qual é o lucro em relação ao capital empregado. O retorno dos bancos já foi bem maior, de 19%, 20%, e caiu para 12%. Bancos rendiam a mesma coisa que títulos do governo. Agora a rentabilidade voltou para algo como 15%. Apesar de o lucro ser crescente, a rentabilidade baixou muito.
— Roberto Campos Neto, durante sua sabatina no Senado
A partir daí, apoiar ou não apoiar o adeus a Campos Neto é com você, leitor.
Imagens disponíveis e retiradas da Google
Sites e links de pesquisas e compilação de textos
https://www.investopedia.com/articles/investing/101215/how-fed-fund-rate-hikes-affect-us-dollar.asp
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