A pantomima financeira silenciosa da guerra russo-ucraniana e como isso afeta o Brasil



Para entender o cenário primeiro é preciso saber que a economia americana não se compara a de nenhum país do mundo

Por que essa discrepância? Porque nos EUA as receitas de impostos e suas fontes são menores como porcentagens do PIB, do que em outros países. 

Exatamente por isso, as leis estadunidense são bem mais rígidas e severas com os sonegadores. A “mão invisível da economia” é mais pesada e eficaz quando se trata de punir sonegação 

Só para termos uma ideia comparando com o Brasil, aqui as receitas com arrecadação somam 34% do PIB. Em 2021 chegaram a R$ 2.942 trilhões 

A arrecadação de bens e serviços é a maior desse percentual de 34%, juntos representam 15% do total, seguidos das contribuições sociais que chegam a 6%

Daí a questão é: como então a economia americana atingiu o patamar das maiores economias globais? Veja: 

Os EUA continuam a ser o país que mais exporta armas no mundo, sendo o responsável por 38,6% das vendas internacionais de armas entre 2017-2021 

No entanto nenhum país do mundo se compara em gastos militares. Os dados de 2014 mostram que os norte-americanos gastaram US$ 571 bilhões, e a China que é hoje considerada a maior economia global só gastou US$ 129,4 bilhões 

Lembrando que na economia o gastar é diferente de investir os EUA ocupam o topo dos países que mais investem em gastos militares do mundo. 

De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo os estadunidenses gastaram US$ 801 bilhões com sua força militar representando 38% dos gastos globais 

Outra área da economia em que os EUA eram reconhecidos globalmente como dominantes é o da economia tecnológica. A economia americana na área tecnológica é considerada também a mais poderosa do mundo. Só para se ter uma ideia o PIB per capita (o gasto por cidadão) chegou ao patamar de US$ 59.500. 

As empresas americanas estão na dianteira em avanços tecnológicos em computadores, produtos farmacêuticos, equipamentos médicos, aeroespaciais e militares, mas segundo especialistas essa vantagem vêm diminuindo desde a Segunda Guerra Mundial 

Comparando o PIB medido nas taxas de conversão de paridade de poder de compra, desde 2014 a economia americana caiu para o segundo lugar atrás da China que mais do que triplicou a taxa de crescimento dos EUA nos últimos 40 anos

Em 2017 o Congresso americano aprovou e o ex-Presidente Trump assinou a Lei de Cortes de Imposto e Empregos que entre muitas disposições reduz a taxa de imposto corporativo de 35% para 21%,  reduz a taxa de imposto individual para aqueles de maior renda de 39,6%  para 37%, em percentagens menores ainda para aqueles com níveis de renda mais baixos, alterando ainda muitas deduções. Tais mudanças entraram em vigor em 1° de janeiro de 2018, sendo que os cortes de impostos para as corporações é permanente, já para os indivíduos vence em 2025

Comitê Conjunto de Tributação (JCT) sob o Escritório de Orçamento do Congresso estima que a nova lei reduzirá as receitas fiscais e aumentará o déficit federal em cerca de US$ 1,45 trilhão durante o período de 2018-2027”, a estimativa é de reduzir o crescimento econômico, aumentando o risco de uma recessão 

No limiar desse cenário eclodiu a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, desde 2014 separatistas pro-russos lutam contra a Ucrânia pelo controle da região de Donbass


Moscou exigindo que a Ucrânia nunca receba adesão à OTAN e que a aliança fosse retirada da Europa Oriental. No entanto tal proposta foi recusada formalmente por escrito em janeiro, em seguida com Putin ainda negando até o último momento, a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Essa guerra vem desenrolando há um ano 

Enquanto líderes como o Sr. Putin, o Sr. Biden, o presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler alemão Olaf Scholz, agora também o Reino Unido todos reclamam pela paz, o presidente ucraniano Zelenskyy, apela por ajuda financeira e mais reforço militar. Em resposta esses países oferecem a Ucrânia toda ajuda possível nessas duas frentes 



Assim diante da ofensiva russa de invadir a Ucrânia o Ocidente respondeu com sanções. Moscou continua insistindo: permanece “aberto às negociações”, arrimado pela parceria política da China que permanece numa posição de “cautela quase neutra”, se é que isso é possível 


Interessante saber que “Alexey Muraviev, professor associado de Segurança Nacional e Estudos Estratégicos da Universidade Curtin, disse a BBC que o Sr. Putin queria usar a Ucrânia como uma "zona tampão neutra" contra a OTAN.
 
"A Ucrânia acabou de se tornar uma área de conflito por procuração entre a Rússia e os Estados Unidos", disse ele 


A invasão segue a meses sob fatos, fotos, destaques e mídias de toda ordem. A última novidade da guerra russo-ucraniana que até o momento já subjugou todas as expectativas de “somente uma invasão” é essa: “Moscou detém crianças ucranianas para reeducá-las”.



Enquanto isso a economia americana, como todas no mundo, patina na Taxa de inflação (preços do consumidor) de 
4.7% em 2021

exportação americana é a 2ª global atingiu US$ 2,557 trilhões em 2021, já as importações em 2021 atingiram o 1º patamar global com US$ 3.402 trilhões, todos dados estão em dólares do ano atual


Com a economia americana cujo jogo político privilegia positivamente o aparato militar, uma guerra favorece e contribui de modo acentuado nesses fatores da economia. Com os investimentos do governo descambando nesse seguimento, junto podem trazer o risco caseiro de um desafio substancial: a excessiva dependência econômica disso. 


Os mais afoitos não entenderão essa relação. 


Explico: em caso de paz - e veja que isso se deposita nas mãos de Putin e Zelensky - e junto com o fim de uma guerra que desde o início alavancou a economia global no seguimento armamentista uma vez envolvida a OTAN, numa sequência evolutiva descamba na depressão de gastos, inclusive de consumo, consequentemente a posição financeira dos governos dependentes imergem junto 


Atente que ”nos últimos meses, os membros dos EUA e da OTAN têm fornecido milhões de dólares em equipamentos militares para a Ucrânia, incluindo mísseis antitanque, artilharia antiarma, mísseis antiaéreos, metralhadoras pesadas, armas pequenas e munições, sistemas de rádio seguros, equipamentos médicos e muito mais”


Ora, o risco da “política caseira americana” poderia reduzir o dólar e aumentar o valor da importações e com isso produzir reflexos expressivos também nas exportações 


Agora veja esses destaques printados da mídia global sobre essa guerra







Ainda assim podemos ver que a economia americana está muito resiliente diante desses desafios globais. Não perderam o foco ou se deixaram levar pela “artilharia russa”

No entanto como tudo isso afetaria o Brasil? Fácil e de modo muito substancial, nossa economia é eminentemente dolarizada, usamos o dólar como “âncora fiscal”. Uma desaceleração da maior e mais estável economia do Ocidente pode retardar significantemente vários fatores da economia brasileira 

Contudo o cenário é positivo, já que o presidente Biden acena com expressivas mudanças no seguimento fiscal que poderão trazer mais estabilidade para o mercado econômico-financeiro dos EUA. Ele tuitou em 12/02:



É torcer para que tais estímulos fiscais mantenham a economia estadunidense no patamar de recuperação para que nós, os brasileiros e o resto do planeta possamos suspirar aliviados, ainda que o risco potencial da “pantomima guerra financeira” tire a paz e o sono do Planeta 











Imagens disponíveis no Google 

Sites e links pesquisados 


https://www.cia.gov/the-world-factbook/countries/united-states/


https://www.abc.net.au/news/2022-02-24/russia-ukraine-military-operation-vladimir-putin/100789878?utm_campaign=abc_news_web&utm_content=link&utm_medium=content_shared&utm_source=abc_news_web

https://www.forbes.com/sites/davidaxe/2023/01/23/nato-countries-are-giving-ukraine-hundreds-of-their-old-howitzers-and-replacing-them-with-south-koreas-excellent-k-9/?sh=630f23e423a6

https://www.forbes.com/video/6319305494112/heres-why-experts-predict-a-return-to-negative-economic-growthand-potential-recessiondespite-strong-gdp/?sh=4404050c1d00





  





















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