A defesa do Gen. Paulo Sérgio Nogueira, surge na disputa sobre a narrativa das crises de 2022/2023 para provar: Se houve tentativa de manipulação do medo e da instabilidade para justificar medidas de exceção? Ou ao contrário, o general atuou para conter tais impulsos e preservar a legalidade?

Estratégias modernas de líderes políticos que se aproveitam de crises — reais ou fabricadas — para ampliar seu poder não são novidade: remontam à Antiguidade. 

O caso de Dionísio I de Siracusa é um exemplo clássico. É por isso que essa lógica também pode iluminar debates atuais, como exemplo a defesa do general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro, surge justamente a disputa sobre a narrativa das crises de 2022 e 2023: 


Se houve tentativa de manipulação do medo e da instabilidade para justificar medidas de exceção, ou se, 

Ao contrário, o general atuou para conter tais impulsos e preservar a legalidade.


Para começar o tema, primeiramente vou fazer uma consulta: 

  • Já ouviu falar de Dionísio I de Siracusa um dos tiranos mais famosos da Grécia Antiga, no final do Século V antes de Cristo? Não? Então essa história é pra você! 

Dionísio começou sua vida profissional como um reles escriturário em um cargo público. 

Por causa de suas conquistas como um simples soldado na guerra contra Cartago, ele foi eleito comandante militar supremo em 406 a.C. 

  • Ganhou notoriedade como orador no exército, denunciando a incompetência e a corrupção dos generais de então. Essa atitude lhe conquistou prestígio político.

Ambicioso, Dionísio começou a articular sua ascensão ao poder, explorando tanto o medo da população diante da ameaça cartaginesa quanto o clima de instabilidade em Siracusa.

O mais singular é o famoso episódio dos mercenários (Sileraioi) onde Dionísio alegou ter sofrido uma tentativa de assassinato (fingida ou exagerada, segundo os relatos de Diodoro Sículo).


Com esse suposto atentado, convenceu o povo a lhe conceder uma guarda pessoal armada, formada inicialmente por 600 homens, depois aumentada para 1.000.


Acontece que tais “soldados” eram mercenários, provavelmente oriundos dos Sileraioi (ou Silerianos), um povo da Lucânia (sul da península Itálica), conhecido por servir como tropa mercenária.


Na prática, essa guarda pessoal deu a Dionísio uma força militar própria, independente das instituições de Siracusa.

  • Já com as tropas fiéis apenas a ele, Dionísio reforçou sua posição política, intimidou adversários e eliminou rivais.

Em 405 a.C., Dionísio foi proclamado tirano de Siracusa, iniciando um governo que duraria quase 40 anos.

  • Sua tirania foi marcada por centralização de poder, reformas militares e uma série de campanhas contra Cartago.

A caverna “Orelha de Dionísio” - que existe até hoje - recebeu esse nome em homenagem a Dionísio I que a usava como prisão e costumava ouvir o que seus prisioneiros diziam sobre ele por meio dos ecos na caverna.


Viu aí ? Você achando que essas estratégias eram novidades, quando já existiam 500 anos antes de Cristo.
 


O episódio da “tentativa de assassinato” e da concessão de guarda-costas é um clássico exemplo de como líderes antigos manipulavam crises (reais ou fabricadas) para obter poderes extraordinários. Até hoje tudo se repete! 

  • Mas deixamos essa antiga história e refletindo nos eventos atuais, voltemos ao cenário político-jurídico do Brasil.  

General Paulo Sérgio Nogueira ex-ministro da Defesa do Governo Bolsonaro/ Foto Agência Brasil 

Paulo Sérgio Nogueira, é general de exército, exerceu o comando do Exército e foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro o ministro da Defesa em abril de 2022, permanecendo no cargo até o final daquele ano.


Em novembro de 2024, foi indiciado no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, sendo acusado de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e outros delitos, sendo assim o caso foi levado à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). 


A denúncia foi recebida e instaurada ação penal.

A defesa do General foi conduzida pelo advogado Andrew Fernandes Farias.

Quem é Andrew Farias? 

  • É advogado criminalista, especialista em Ciências Penais, mestre em Ciência Política e Relações Internacionais e doutorando em Direito Constitucional.

É professor da Academia de Polícia Militar de Brasília (2015; 2020) e da Pós-graduação em Direito Militar da Escola do Legislativo Professor Wilson Brandão (2022). 


Também foi agraciado com a Ordem do Mérito Judiciário Militar (OMJM) pelo Superior Tribunal Militar (2021).


Extraindo dados das mídias nacionais, a sustentação oral do advogado no dia 3 de setembro de 2025 (segundo dia do julgamento) na defesa do General Paulo Sérgio Nogueira em síntese reforçou os pontos: 

Que o general atuou para impedir qualquer tentativa de golpe. Ressaltou que Nogueira teria aconselhado Bolsonaro a reconhecer o resultado eleitoral de 2022 e se posicionou firmemente contra medidas excepcionais ou antidemocráticas. 

Que o general temia que setores militares radicalizados rompessem a hierarquia e tentava manter “a unidade das Forças Armadas contra qualquer medida de exceção”.

Questionou também a lógica da denúncia, observando que membros da trama golpista teriam tentado tirar Paulo Sérgio do cargo — o que, para a defesa, afasta a ideia de que ele fazia parte da organização criminosa.

Rejeitou a versão de que o general pressionou comandantes militares: citou o depoimento do general Freire Gomes, que afirmou não ter sido pressionado, classificando a acusação como “esdruxula, uma loucura”.

Chamou atenção para o fato de que Nogueira não estava presente no “gabinete de crise” de 8 de janeiro, reforçando que isso indica que ele não integrava estruturas conspiratórias.


Por fim a defesa do General reforçou a tese de “inocência manifesta”, afirmando que “a prova dos autos é contundente em demonstrar a inocência de Paulo Sérgio”.


O ilustre advogado culminou a defesa de Paulo Sérgio Nogueira nesses pontos centrais:


1. Ausência de justa causa para receber a denúncia, com base em falhas na articulação probatória.

2. Delação de Mauro Cid apresentada como indicativo de inocência.

3. Posicionamento ativo contra golpe, inclusive aconselhando Bolsonaro a não tomar medidas autoritárias.

4. Negação de pressão a comandantes, com depoimentos que de fato atestam isso.

5. Ausência em momentos-chave (como no “gabinete de crise”) como forma de evidenciar sua não participação no núcleo conspirativo.

     6.   Argumento de que ele seria alvo dos golpistas, não cúmplice, o que reforçaria sua inocência.


Sem sombras de duvidas as qualidades de um bom advogado vão muito além do domínio da lei. Elas combinam técnica, postura ética e habilidades humanas. Taí o exemplo de: 

  1. Conhecimento jurídico sólido
  2. Capacidade de argumentação
  3. Visão estratégica
  4. Ética e integridade 
  5. Serenidade 
  6. Capacidade de adaptação e 
  7. Clareza na argumentação 

A confiança é a base da advocacia. Na paixão pela justiça o bom advogado se reinventa. 


Cabe a nossa categoria, aplaudir quando somos tão bem representados assim. Eu aplaudi e você? 


Veja que concepções errôneas de ordem pessoal assolam cenários sociais e políticos desde o início da humanidade, no entanto vamos lembrar que  os homos sapiens - homem sábio - surgiram pela primeira vez 200 mil anos atrás. 


O que para nós é um alento, já que todos os tiranos que agiram contra o seu próprio povo foram derrotados pela Justiça. 



Talvez esse julgamento seja uma oportunidade única de influenciar governos e, talvez, realizar uma mudança positiva no sistema político de um Estado forte, que assim seja 🇧🇷 Brasil









Imagens disponíveis e retiradas do Google 

Sites e links de pesquisa , realizados com ajuda do Chat GPT e compilações parciais dos textos


https://ilsicilia.it/dionisio-il-signore-di-sicilia-che-trasformo-siracusa-in-una-potenza-mondiale/


https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2025/09/7240615-defesa-de-paulo-sergio-afirma-que-ex-ministro-agiu-para-impedir-golpe.html


https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-brasil/2025/09/03/defesa-diz-que-ex-ministro-atuou-para-demover-bolsonaro-de-golpe.htm


https://www.cartacapital.com.br/politica/ex-ministro-da-defesa-chamou-bolsonaro-de-ingrato-apos-fuga-para-os-eua/





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