Brasil sairá ileso dessa guerra comercial imposta por Trump. Não temos dúvidas
O editor digital dos EUA Stephanie Studer do The Economist publicou ontem:
- “Uma viagem a Washington que deveria aliviar as tensões, em vez disso, desceu para uma discussão televisada com Donald Trump e JD Vance no Salão Oval.
- O colapso nas relações levanta duas questões. O Sr. Trump poderia agora realmente abandonar a Ucrânia? O Sr. Zelensky se sentirá forçado a renunciar para salvar seu país?
- Um resultado, pelo menos, é claro: isso é um impulso para Vladimir Putin.
Para entender e responder essas perguntas primeiro precisamos focar nessa imagem:
Compare a distância da linha reta (8910/km) com a da curvatura (7500/km). Bem menor não é? Qual a lição que tiramos disso?
O matemático Euclides disse: -“a linha reta nada mais é do que o fluxo ou a passagem do ponto que [...] partirá de seu imaginário movendo algum vestígio de comprimento, isento de qualquer largura” (Páginas 7 e 8 de Les quinze livres des éléments géométriques d'Euclide Megarien, traduits de Grec en François)
Dessa forma é preciso focar na curvatura para sairmos do “imaginário”. É somente assim “olhando de cima” que podemos ver o passado, avaliar o presente e conjecturar o futuro.
Por que isso é importante para nós brasileiros? Porque as ações, as medidas, e as falas de Trump não são nenhuma novidade para nós. Recentemente, respeitadas as proporções da nossa visibilidade no cenário global, superamos uma gestão surpreendente equivalente de janeiro de 2019 até 2022.
Nesse período enfrentamos desde o desempenho de instabilidade econômica com parceiros comerciais importantes tais como a Ford, a China, a Argentina entre outros por exemplo, até o velho chavão de “lutar contra a corrupção e desvio de recursos públicos” sem apresentar provas.
Restou dessa recente gestão da extrema-direita uns 17 escândalos de corrupção além dos prejuízos sociais de um falido “golpe de estado” (saber mais no link( CartaCapitalhttps://www.cartacapital.com.brGoverno Bolsonaro acumula escândalos de corrupção; confira os ...)
Voltando ao episódio da gestão de Trump nos EUA os temores emergentes de complicações globais atinge também o Brasil. Infelizmente.
Os temores remontam na exata ordem de que os planos de Trump de reatar laços com Moscou ignoram o fato de que o conflito é a única fonte restante de crescimento da economia russa (será?) devidos às sanções econômicas globais impostas aos russos. Dramaticamente até pela Europa. Não me convencem, mas é isso mesmo.
Recentemente um perfil no X - @EndWokeness - publicou:
“Finalmente, a Europa sente pressão para defender seu próprio continente” e chama isso de “Efeito Trump.” Ele ajudou a por Europa à sela.
Agora não devemos esquecer que grande parte do poder de fogo do continente americano foi “gratuitamente ofertado” a Europa através de uma pseudogenerosidade ensaiados como ajuda de uma guerra que começou de fato em fevereiro de 2014 (saber mais: («Armed men seize Crimea parliament». The Guardian )
Lá se vão 10 anos de guerra! No entanto a guerra voltou ao destaque global em fevereiro de 2022, quando tropas russas invadem a Ucrânia após reconhecer a independência de Lugansk e Donetsk.
Lembrando que a Ucrânia junto com outros países tentam aderir à União Europeia, estes países são:
- Albânia
- Bósnia-Herzegovina
- Geórgia
- Macedónia do Norte
- Moldávia
- Montenegro
- Sérvia
- Turquia
- Ucrânia
Assim - de olho na curvatura da imagem inicial - a partir de meados do século XX, os EUA e a ex-União Soviética ganharam maior protagonismo global.
Foi a vontade de evitar outra guerra que acelerou esse processo integracionista europeu levando à formação do Conselho e também da União Europeia no Ocidente, mas lembre-se que desde o fim da União Soviética e a queda do Muro de Berlim tende a expandir-se para o Leste. A prova está no rol dos países candidatos a adesão à UE.
Destaque-se durante a desastrosa reunião televisiva do governo dos EUA com Zelensky, o presidente da Ucrânia chamou atenção aos eventos de 2014. Alertei isso no meu último texto aqui no blog.
Que eventos foram esses? Vamos lá:
Em fevereiro de 2014 ocorreu a revolução ucraniana resultado dos extensos protestos do Euromaidan. O que exatamente foi isso? Foi uma onda de manifestações e agitação civil que começa na Ucrânia e expandiu-se pelo leste europeu onde os manifestantes exigiam uma política integracionista europeia, além de providências quanto à corrupção no governo e finalmente as eventuais sanções por parte da Russia.
Definiu isso? A pseudogenerosidade dos EUA com a guerra Rússia-Ucrânia guarneceu o leste europeu da tecnologia armamentista norte-americana. Aqui não há novidades afinal Zelensky insiste em dizer:-“A justiça deve prevalecer. Acreditamos no poder da unidade e certamente restauraremos a paz duradoura.”. Não tem dúvidas quanto a paz. Alguém tem? Eu não.
Basta dar uma passeada no perfil de Zelenskyy no portal do X para conferir que toda Europa o vê como um herói.
Enquanto isso a nossa América parece retroceder ao imperialismo com o protagonismo do seu principal líder - os Estados Unidos - afetando seus parceiros comerciais com ameaças de altas tarifas comerciais que produzirão uma desnecessária guerra comercial.
Tem mais, promete e ameaça tomar à força propriedades de outros países - a Groenlândia e o Canal. Diz trabalhar pela paz na Europa e ameaça guerra no seu quintal?. Ops
Toda essa bazofia soa tão ultrapassado, mas é aplaudido freneticamente pelo Congresso dos EUA. Show de horrores.
Quanto ao Brasil, nós possuímos nossas “armas”, afinal produzimos boa parte do que consumimos e o nosso maior parceiro comercial é a China cujo principal interesse é desdolarizar o comércio internacional. Lembrando que desde os acordos de Bretton Woods é o dólar americano que vem sendo usado como meio de comércio internacional.
Mas de olho no futuro, foco na curvatura do início do texto lembre-se que ultimamente vários países estão fazendo a transição para o comércio em moedas nacionais. Vamos potencializar o Mercosul e o Brics.
Que tal? A hegemonia americana estará ameaçada? Deixo ao leitor essa reflexão.
A depender da consolidação e crescimento de nossas trocas via fortalecimento do Mercosul e dos BRICS, prezada Vera Lúcia, você tem razão, poderemos ter uma saída bem interessante às bravatas do laranjão. No entanto, temo pelo imediatismo e sabujice aos ditames do Norte, que orienta boa parte de nosso Parlamento.
ResponderExcluirGrande abraço.
“Bravatas do laranjão” essa é boa, vou rindo até o Natal. Sim o Brasil tem mecanismos hábeis a sair dessa e o que vemos pela frente o grande perdedor será os EUA que pelo visto vão enfrentar desabastecimento à frente
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