O poder notável de ajudar o outro tem algo a ver com o atual conflito entre palestinos e judeus?


Poço de Jacó está localizado a 76 metros de Tell Balata, na parte oriental da cidade de Nablus

O que a versão bíblica do encontro de Jesus pedindo água da mulher samaritana à beira do poço de Jacó, tem a ver com o atual conflito entre judeus e palestinos? 


Para entender esse fato ocorrido há mais de 2mil e 300 anos é preciso primeiro voltar ao tempo atual! 


Confira as imagens de campos de refugiados na região do atual conflito: 




Veja esse vídeo para ter uma ideia da aridez que assola a região sem água: 


Resta apenas 10% de água potável em Gaza

https://pt.euronews.com


Agora avalie: se a região é assim hoje, não era diferente na época dos eventos que marcaram o Cristianismo. 


Naquela época Jesus acendeu a ira dos fariseus após a destruir as jaulas e as mesas dos mercadores no Templo e com isso foi crescente a sua popularidade. Afinal os judeus mais pobres aprovaram ainda mais a sua atuação. 


Com isso o grupo de Jesus e seus apóstolos evitavam confronto direto com a poderosa elite judaica, assim viviam em deslocamentos constantes para atingir maior número de pessoas. 


Saindo da Judeia até a Galiléia o costume era atravessar a região de Samaria para encurtar o caminho. 


Samaria é uma região montanhosa constituída pelo antigo reino de Israel, e rival do reino de Judá

Atualmente situa-se entre os territórios da Cisjordânia e de Israel.


No entanto encarar a travessia da região seca e árida, sem agua potável suficiente era um desafio. Ainda é nos dias atuais! 

Confira o mapa da região atual:  


Tem mais um complicador: o grupo de Jesus era proeminente judeus, naquela época adversários dos samaritanos. Sabe o motivo dessa rivalidade? 


Quando os Assírios levaram cativas as 12 tribos de Israel para a região que hoje é o Iraque, alguns judeus foram deixados pra trás e permaneceram na região de Samaria


Esses grupos se misturaram (casamentos) com outras raças e quando os judeus retornaram do cativeiro isso gerou uma tensão entre samaritanos e judeus. 


Os samaritanos abandonaram o culto dos judeus, estabelecendo o  seu próprio culto no monte Gerizim (perto do atual Nablus), ao contrário do judaísmo, que tem o monte Moriá (Jerusalém) como sua montanha sagrada.


Samaritanos nos dias atuais durante
culto no Monte Gerizim


Com isso os judeus repudiavam os samaritanos considerando-os hereges


 cristianismo surgiu na época desse conflito entre judeus e samaritanos e Jesus usou o conflito para enfatizar o amor ao próximo na história do "Bom samaritano" (Lucas 10:25–37)


Foi nesse contexto que Jesus, sozinho  - enquanto aguardava seus discípulos, que por segurança não o levaram para comprar comida em algum povoado próximo - ficou perto da única fonte de água da região e aconteceu o seu encontro com a samaritana. 


Um Jesus sedento, cansado, sozinho e sem proteção, caso se atrevesse a tirar água do poço. 


Exatamente por isso Jesus aguardou até aparecer uma única pessoa para assim pedir água com segurança. Então surgiu uma mulher, a samaritana. Que logo o reconheceu como judeu! 


Hoje o Poço de Jacó está localizado a 76 metros de Tell Balata, na parte oriental da atual cidade de Nablus. Está dentro do mosteiro de Bir Iacube (Bir Ya'qub) na entrada da igreja. A profundidade total do poço é de 42 metros. Avalie você com sede, próximo a um poço mas sem nada para retirar água dele! 


Na época devido ao conflito entre as duas tribos é óbvio que a mulher teve medo quando Jesus se aproxima pedindo água. Rebateu imediatamente: - “… pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?


Para conseguir a água para saciar sua sede, obviamente Jesus apelou para a a sabedoria divina e com isso convencer a samaritana a dar-lhe um pouco da água que tirava do poço. 


O esforço da mulher para tirar água de um poço com 42 metros de profundidade era grande. Avalie o valor para ela de um único balde! Tanto esforço e ainda dividir com um judeu? 


Jesus rebate: - “Se conheceres o dom de Deus e quem é o que te pede (Os milagres de Jesus deram início a sua popularidade), tu lhe pedirás e ele te daria “água viva”! Que “água viva” era essa? 


A qualidade literária da linguagem e das mensagens da Bíblia transmitem, simbolizam para nós um passado estranho, mas familiar. Nessa época a ênfase não utilizava sinônimos, e sim uma única palavra forte: “viva”, ou corrente, ou jorrando.


Já imaginou uma fonte de água corrente? Jorrando? Era água viva! Falar em fonte de água no tórrido deserto? 


Achando que Jesus blefava a samaritana replicou: - “tu não tens com que tirar água do poço profundo, como vens falar em água jorrando (uma fonte de água)? És tu maior do que aquele (Jacó) que nos deu o poço?” 


Rebatendo Jesus argumentou: - quem beber a água desse poço sempre voltará a ter sede, já quem beber da água que eu ofereço nunca mais terá sede. A água que eu ofereço é uma fonte a jorrar para vida eterna”. É óbvio que a samaritana apesar de maravilhada, ainda duvidava. 


Uma água que não precisa de “esforço físico para ter”, ou uma “água para nunca mais ter sede”, isso em cenário desértico era avassalador. 


Ato continuo para destacar os grupos que formaram raças mistas entre os samaritanos Jesus indica os cinco casamentos da mulher e o fato que ela “não tem marido”, ou seja “alguém da sua própria raça”. 


Finalmente, a mulher disse: 

- Senhor, vejo que tu és profeta, mas vem me dizer que é em Jerusalém o lugar em que se deve adorar?”, em outras palavras, ela replicava que Jesus dizia “só os judeus estão corretos em sua adoração a Deus?”

O tema era delicado, tensão dos conflitos religiosos entre as raças!


Jesus não deixou por menos: - Vem a hora em que os “verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito, porque são esses que o Pai procura para seus adoradores”!


Ou seja destacou a indiferença do “modo de adoração”, porque “Deus é espírito”. Ponto para Jesus que finalmente convence a mulher.


Nisso os discípulos voltaram, e após o susto inicial, se admiraram de ver Jesus conversando tranquilamente com uma mulher, de Samaria, a tribo rival. 


Esse é o maior poder do Messias: conciliar - com amor - conflitos, tensões entre diferentes! 


A mulher voltou ao seu povoado e passou a dar testemunho desses ensinamentos. “Será este o Cristo?”, muitos samaritanos foram até Jesus conhecer mais sobre isso! 


Esse evento é relatado no Livro de João (Cap. 4). 


Dois mil e trezentos anos se passaram e a região continua desértica. Já os conflitos continuam, só que agora com as severas implicações da tecnologia capaz de ceifar vidas humanas com mais rapidez só pelo simples fato de ainda morarem na mesma região. 


Será que os atuais palestinos e samaritanos ainda podem saciar a sede de algum judeu? 





Imagens e vídeos disponíveis e retiradas do Google com citações das fontes 








Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Existe vida após a morte? A banalidade da vida cotidiana nos empurra a resposta: Sim? Não?

As novas regras da LDO e os vetos do governo Lula até ao atual cenário político do Brasil. Como tudo isso afeta seu bolso?

Pobres não são nobres! Será que não? A luta de classes no atual Congresso Nacional