O Príncipe, um vereador, um computador, a ABIN e a arte de governar: o que os cidadãos tem a ver com tudo isso?

Consegue lidar com coisas que ficam fora do seu controle? Não? Então esse texto é para você! Vamos lá:

Dizem que Nicolau Maquiavel, admirava muito César Bórgia, chegando a usá-lo como um modelo inspirador para o seu tratado político, O Príncipe., uma das teorias mais elaboradas pelo pensamento humano, além de ser o guia de grande influência em descrever o Estado. 


César Bórgia, irmão de Lucrécia foi um príncipe cardeal nobre italiano, filho de Rodrigo Bórgia eleito Papa Alexandre VI, em 1492.


César Bórgia na época era reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fazendo-a coesa, reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade.

 


Não foi à toa que Maquiavel o criador e fundador do pensamento político moderno utilizou César Bórgia como modelo, com seus conselhos, sugestões e ponderações (hoje seria um cientista político) sobre os principais acontecimentos políticos da época numa forma de ganhar confiança do Duque de Urbino e conseguir um cargo. Até hoje muitas das suas teorias são mal-interpretadas. 


Ele ensinou que a excelência política é movida não por interesses egoístas e ambições de poder pessoal, antes disso, a conduta do “príncipe” (político) deve ser de acordo com a situação.


A genuína virtù (aptidão virtuosa) de um político reside, na sua capacidade de modelar-se diante dos homens, sabendo transitar entre o homem moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. 


Tais qualidades em tempos atuais bastante raras em um político, mesmo que tenhamos avançado nas vantagens da era tecnológica, ainda vemos muitos indivíduos “rastejando” (atrasados) politicamente. 



No texto anterior falei sobre as ações de Donald Trump, o ex-presidente dos EUA, a segunda maior economia global, ele responde agora 91 acusações em 4 processos criminais. 


Surpresas à parte, a pergunta é rápida: como um político bilionário vencedor da mais cara eleição democrática do Planeta conseguiu tudo isso? 


A resposta também é rápida: porque foi mais um a interpretar errado o pensamento maquiavélico: os fins justificam os meios! 


Para entender essa ideia devemos focar que a conduta política (de “príncipe”) deve ser de acordo com a situação. Enquanto no poder, haja com poder! Deixou o poder, haja com poder! 


Como “príncipe” deve o foco no aumento do poder, no entanto não é no “poder de indivíduo”. E sim no poder do Estado. Entendeu a diferença? Quanto maior o poder estatal, maior o poder do atual ou dos ex-governantes. Isso não acontece com “opressor” ou “oprimidos”. 


É mais além do mero “indivíduo” ou agir como “opressor”, porque a maior habilidade do político é a eficácia. O fim (poder) garante o meio (o agir)! O resto é derrocada.


Daí como o regime democrático é chumbado em mais controles, subsídios e monopólios estatais, aqueles políticos que “perdem o poder”, se vendo como o “oprimido” acabam por destruir seu “poderio”. Aqui, eles menosprezam que quanto maior o poder estatal, maior também será o poder do seu “ex-governante”, já que esse poder lhe é “impingido”, durante e depois do mandato!


Isso aconteceu com Trump derrotado por Joe Biden nas eleições norte-americanas de 2020. Trump deixou o governo dos EUA, mas não sem antes levar consigo para a garagem da sua residência um monumental acervo de documentos altamente sigilosos que iriam para o Arquivo Nacional dos EUA. 


Isso rendeu-lhe uma acusação de risco à segurança nacional do mais poderoso estado do Planeta!


Qualquer semelhança é mera coincidência: já aqui no Brasil após os desastrosos eventos de 08/01/2023 numa tentativa frustrada de tomar o “poder estatal” em plena era tecnológica com uma multidão depredando furiosamente os três prédios públicos” (chega a ser risível). 



Um ano depois, estarrecidos, soubemos que o vereador de São Paulo, Carlos Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro levou para sua residência um computador nada mais, nada menos de propriedade da ABiN. 


A ABiN é órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), tendo por competência planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar as atividades de Inteligência do País, obedece a política e as diretrizes superiormente traçadas na forma da legislação específica.



A decisão do filho do ex-presidente, com o provável consentimento de levar com ele logo um dos computadores da Agência menosprezou, por certo, o mais sensível serviço de inteligência do Estado Brasileiro. 


A atitude do vereador se assemelha a um gracejo político, parece impossível de crer, mas aconteceu. 


Promover “monitoramento ilegal” com equipamentos da própria ABiN, seria cômico se não fosse sinistro. A desdita política é catastrófica. 



Isso, promoveu um revés na esfera de atuação política do próprio pai. Que agora é constante nas redes sociais “amenizando” os prejuízos políticos. 


Um estado forte depende de um governante eficaz e para que ele seja bom, deve ter boas habilidades políticas. O vereador parece não saber disso. 


Finalmente, como ensina Maquiavel “a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade.”, as tentativas de “limpar” os respingos prejudiciais nos dois exemplos indicados, prova isso.


Por fim antes de dar uma “resposta que apele para sociedade” o político precisa ter em mente que a “arte de governar tem como escopo o real e concreto do modo como os homens vivem em sociedade”. Taí 





Imagens disponíveis e retiradas do Google 


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