O foco global está na corrida presidencial dos EUA. O interesse também afeta o Brasil, você sabe os motivos?
Segundo a Freedom House, há em curso uma recessão democrática global, que teve em 2022 o seu décimo sexto ano consecutivo. O comprometimento da democracia está veloz!
Atualmente, 7 em cada 10 pessoas no mundo vivem em um país considerado sem liberdade e sem democracia.
Segundo o relatório da instituição, em 2022 quase 5 bilhões de pessoas vivem sob ditaduras plenas ou autocracias eleitorais, e esse número tem crescido nos últimos anos.
O que é Freedom House?
A Freedom House (Casa da Liberdade) é uma empresa sem fins lucrativos sediada em Washington, EUA, fundado em 1941 pela ex-primeira-dama Eleanor Roosevelt e realiza a classificação política-democracia dos países globais.
É a responsável pelo Fórum Mundial sobre a Democracia, atestando que as democracias eleitorais agora representam 120 dos 192 países existentes e constituem 58,2 por cento da população mundial, ou seja, mais de 3,6 bilhões de pessoas vivem sob autocracias eleitorais.
O que é autocracia eleitoral? Significa que nestes países é possível votar em eleições multipartidárias e escolher um líder. Entre eles está o Brasil.
A pesquisa da Freedom em 2021 sobre democracia global é essa:
Países em azul são designados "democracias eleitorais" pela pesquisa Freedom in the World elaborada pela Freedom House.
🟢 Livre
🟡 Parcialmente Livre
🔵 Não Livre
Exatamente por causa desse cenário atípico os olhos do mundo se voltam para as eleições norte-americanas. O ícone na defesa dos regimes democráticos.
Atualmente o adversário à reeleição do atual presidente José Biden é o candidato republicano Donald Trump.
Veja como está a liderança de Trump no ranking de ser o futuro adversário de Biden:
Dados são dia 25, janeiro |
No primeiro pleito dos Republicanos Trump obteve 51% dos votos, contra 21% de DeSantis e 19% de Haley, vencendo com folga as primeiras prévias do partido.
No dia 23/01 Donald Trump venceu também a segunda disputa estadual para escolher o candidato do partido para as eleições de novembro.
Com quase 90% dos votos apurados, Trump tem 12 pontos de vantagem sobre sua última rival remanescente, Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul.
No entanto conferimos no ranking que Trump ainda está longe de alcançar o patamar necessário - apoio de 1,215 dos 2,429 dos delegados - para ser o candidato dos Republicanos e enfrentar Joe Biden.
Nas eleições dos EUA essas pesquisas indiretas se estendem por cinco meses, e veja, mesmo que haja apenas um candidato do Partido Republicano em disputa em algum momento, essas as primárias terão que ocorrer nos diferentes estados. Ainda restam 48, o Distrito de Columbia, bem como pequenos territórios.
Este ano, no entanto a atual presidente do Partido Republicano parece ter pressa para definir logo isso. Veja:
“A Presidente do partido Ronna McDaniel pede união em torno de Trump”
“Estou olhando para a matemática e o caminho a seguir e não vejo Nikki Haley lá, disse Ronna na Fox News e acrescenta “Precisamos de nos unir em torno do nosso candidato, que será Donald Trump, e temos de nos certificar de que vencemos Joe Biden.”. Resta a questão: será?
O candidato oficial do partido será nomeado na Convenção Republicana, entre 15 e 18 de Julho, em Milwaukee, Wisconsin.
Trincos eleitorais da corrida presidencial dos EUA |
No entanto saiba que nesse cenário ainda temos alguns “trincos a abrir”:
“Ainda há dezenas de estados», responde a rival do favorito, Nikki Haley, ex-embaixadora da ONU nos EUA.
Após os pleitos de Nevada e Ilhas Virgens americanas, os candidatos do partido Republicanos partirão para as primárias da Carolina do Sul, o estado do qual Nikki Haley foi governadora.
«Se Haley não consegue competir com Trump na Carolina do Sul, sua corrida acabou», analisa Russ Muirhead, professor do Dartmouth College.
Por sua vez o mais forte “trinco” são os recursos para a campanha, já que também é uma questão de dinheiro.
Diferentemente do Brasil, aqui os recursos para as campanhas eleitorais são oriundos da arrecadação estatal (do orçamento público), nos EUA as eleições presidenciais realizadas a cada quatro anos, são um processo longo e complexo, que começa quase dois anos antes da votação, quando pré-candidatos costumam formar comitês exploratórios para analisar suas chances na disputa e arrecadar fundos para a campanha. Lá o dinheiro das campanhas é oriundo das doações privadas dos cidadãos. Não é o Estado que arca com os custos.
É a fórmula que o governo norte-americano utiliza para rastrear a riqueza privada e a corrupção. Ou seja, na vanguarda da corrida eleitoral o governo americano já sabe onde estão os “potes de ouro💰”.
Com isso em 2024 os doadores poderão desistir se Nikki Haley for novamente derrotada, ainda que ela tenha, até o momento 15 eleitores (+ricos) desembolsando para sua campanha.
Sendo assim a Super Terça-feira de 5 de Março, com as suas 13 primárias e três caucus, poderá ser decisiva no pleito.
Historicamente, os adversários derrotados retiram-se da corrida eleitoral quando o seu destino é matematicamente selado, e não há “crédito” para adversários “irrecuperáveis”. Se o candidato está matematicamente derrotado “é jogar grana pelo ralo”.
Por enquanto o ex-presidente Trump esmaga a competição republicana que agora só conta Nikki Haley como adversária, ainda que sobre Trump pese vários processos legais que ele enfrenta na Justiça.
Vale lembrar que as eleições presidenciais dos EUA são, de longe, as mais caras do mundo.
Em 2016, os dois candidatos na época, Donald Trump e Hillary Clinton, gastaram um total de US$ 1,8 bilhão nas campanhas.
Neste ano, em 2024, o provável candidato Trump e o rival, Joe Biden, provavelmente gastarão mais.
Como estão os recursos para as campanhas?
👉🏻 Na atual campanha Trump é o líder de arrecadação entre doadores individuais, embolsando mais de US$ 35 milhões.
O dinheiro veio de um exército de pequenos doadores individuais (??), apoiadores que não ligam para os muitos problemas com a Lei que o envolvem.
👉🏻 Já a adversária Nikki Haley arrecadou US$ 26 milhões entre abril e junho, incluindo US$ 7,3 milhões em doações diretas.
👉🏻 O candidato dos Democratas a doação máxima para o Fundo da Vitória de Joe Biden, como o pacto é chamado, foi de US$ 929,6 mil.
Joe Biden, lançou sua campanha em 25 de abril, 2023 e arrecadou US$ 72 milhões no segundo trimestre, Biden levantou mais de US$ 1 milhão por dia, em média para campanha de reeleição. A princípio ele não tem oponentes de força dentro do Partido Democrata.
Agora conheça detalhes sobre as pendências judiciais que Trump enfrenta:
👉🏻 Em 2016 reta final da campanha, o advogado de Trump, Michael Cohen, pagou US$ 130 mil ao advogado da atriz pornô Stormy Daniels para que ela não tornasse público o suposto caso que eles tiveram.
👉🏻 Ao longo de 2017, o então presidente fez transferências ao advogado para reembolsar esses US$ 130 mil e registrou esses pagamentos como despesas jurídicas.
👉🏻 Ele é acusado de fraudes financeiras. A promotoria disse que o objetivo dos pagamentos era influenciar o resultado das eleições de 2016.
👉🏻 Em 2020, Trump buscando à reeleição tentou o mesmo o objetivo, quando os americanos foram às urnas no dia 3 de novembro de 2020.
O resultado saiu quatro dias depois anunciando a vitória do adversário, Joe Biden.
👉🏻 A partir daí - de novembro 2020 a janeiro de 2021 - Trump então presidente falou repetidamente de fraudes nas urnas que nunca foram comprovadas.
👉🏻 Em 07 de novembro, 2020 Trump ainda presidente dos EUA fez um discurso na capital, Washington, e incentivou a multidão a marchar em direção ao Congresso, muitos deles armados, invadiram o Capitólio.
👉🏻 Trump deixou a Casa Branca com centenas de documentos - muitos altamente sigilosos, que seriam entregues ao Arquivo Nacional, alguns, inclusive, com segredos militares. Por isso Trump foi acusado de colocar em risco a segurança nacional.
👉🏻 No total todas essas “peripécias renderam a Trump 91 acusações em 4 processos criminais, e ele entra para a história americana como o primeiro ex-presidente a se tornar réu, inclusive acusado também de fraudes financeiras.
Pelo visto o vultuoso patrimônio de Trump vai diminuir ainda mais já que ele não é nem de longe tão rico quanto se gaba, nem tão pobre quanto seus críticos afirmam.
Segundo as estimativas mais recentes da Forbes EUA, calculadas em março, o patrimônio líquido real do ex-presidente é de US$ 2,5 bilhões (R$ 12,67 bilhões).
Tudo está caminhando para o resultado mais provável: a tenacidade de Trump de ser o candidato dos republicanos poderá se juntar a Truth Social, a Trump Steaks, Trump University e GoTrump.com no cemitério de empreendimentos já fracassados de Donald Trump.
Por que afirmo isso? Porque é a Suprema Corte dos EUA que decidirá se Trump pode ser candidato à presidência.
Lembre-se que a democracia surgiu logo após ao feudalismo com a consolidação da burguesia quando comerciantes europeus, apoiados em mais controles, subsídios e monopólios estatais, alcançaram mais lucros a partir da compra e venda de mercadorias e serviços.
Com isso o Estado passou a substituir a corporações locais como regulador da economia.
Vimos que a riqueza privada (capitalismo) é o fator impulsionador da democracia, por isso é certo que os olhos globais voltem-se para a mais importante corrida eleitoral da segunda maior economia do mundo.
Vencerá o capitalismo democrático? Novembro, 2024 vai trazer a resposta!
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Imagens disponíveis e retiradas do Google
Sites e links de pesquisas e compilação de textos
Primária americana: Ted Cruz, o ultraconservador que se mantém frente a Trump - Le Parisien
O futuro de democracia? ONU divulga que 7 em cada 10 pessoas vivem sob regimes ditatoriais
Leia mais em: https://forbes.com.br/forbes-money/2023/04/qual-o-patrimonio-definitivo-de-donald-trump/
https://www.bbc.com/portuguese/articles/ckv41ndx4l3o
https://www.bbc.com/portuguese/articles/ckv41ndx4l3o
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