Devido ao pluripartidarismo a polarização política nunca existiu no Brasil! Saiba o motivo
Amparados em uma base política considerada o ícone da democracia - a americana EUA - que é bem diferente da base política brasileira, nos últimos quatro anos imergimos no clichê que em nada condiz com a nossa realidade: o clichê da polarização política!
Afoitos irão discordar: - “como não temos polarização política no Brasil?”. Reafirmo em alto e bom som: sim, ainda não temos polarização política no Brasil!
Vou destrinchar detalhes e no fim o leitor há de concordar comigo. Pra começar é preciso, primeiramente fixar a ideia de polarização - seja política ou na sociedade. Sabe exatamente o que é? Não!
Vou explicar: a polarização ocorre com a atitude de um eleitorado em relação a questões políticas, a políticas governamentais e a algumas figuras políticas dividida em linhas partidárias.
Em outras palavras as ideias de um seguimento político são vistas pelo outro como uma ameaça ao estilo de vida da sociedade ou da nação como um todo.
Ora isso é fácil de acontecer em um cenário político como o norte-americano exatamente porque no cenário global atual o partido e a ideologia estão muito mais alinhados do que alguns anos atrás.
No sistema político norte-americano definimos claramente essa ideologia: o campo liberal sendo representado pelo Partido Democrata, e o conservador pelo Partido Republicano.
Já no Brasil convivemos com o pluripartidarismo, só para ter uma ideia aqui no Brasil temos 29 agremiações partidárias com registro no TSE.
A questão que envolve a polarização política é:
👉🏻 No universo de eleitores quantos foram motivados a se filiarem por escolhas ideológicas?
👉🏻 Quantos eleitores conhecem a fundo a ideologia do partido escolhido a qual se filiarem?
Em seguida veja o cenário eleitoral do Brasil:
Nas Eleições de 2022, o Brasil tinha 156.454.011 eleitores
Agora veja o detalhe: somente um pouco mais de 15,7 milhões de eleitores brasileiros são filiados a algum partido. Pouco mais de 10%.
O MDB ainda abocanha o maior número deles. A sigla conta com 2.046.711 filiados, o que corresponde a 12,95% do total de filiados a partidos no país.
Nas eleições de 2022 124.252.796 eleitores (79,41) compareceram às urnas.
Os votos válidos totalizaram 118.552.353.
A abstenção alcançou 32.200.558, representando 20,59%.
Os votos nulos foram 3.930.765 (3,16%) e os votos em branco somaram 1.769.678 (1,43%).
(Todos esses dados estão disponíveis na página:https://resultados.tse.jus.br/oficial/app/index.html#/eleicao;e=e544/totalizacao do portal do TSE)
Quando apurarmos a grandiosidade desses números e comparamos o contorno da simpatia do eleitorado a determinada ideologia partidária, podemos descartar severamente a ideia de polarização.
Tem mais, para aqueles que acham que o cenário poderia mudar nas eleições proporcionais de 2024, veja:
“Cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, Câmara Legislativa, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais, até cento e cinqüenta por cento do número de lugares a preencher.” A quantidade não mudou! Permanecem os 150% do total de vagas a preencher!
Ora, enquanto os norte-americanos oscilam nas pleitos eleitorais entre apenas duas ideologias partidárias - Democratas (liberais) e Republicanos (conservadores), aqui no Brasil temos 29 delas.
É relevante lembrar que cada uma delas pode ofertar até 150% de candidatos às vagas a serem escolhidos pelos eleitores. Podemos chamar isso de polarização política? Certamente não!
Sendo assim o que temos no atual cenário político do Brasil? Muito simples a resposta. Vamos aos dados:
Em 1974, o presidente Ernesto Geisel, um general do Exército, decidiu acabar com o regime militar aos pouquinhos para dar lugar à democracia. E isso se faz com partidos políticos que representam as diferentes opiniões. Será?
Partindo dessa ideia errônea até hoje estamos a confundir o respeito às diferentes opiniões (tolerância democrática) com pleitos eleitorais isso criou uma pluralidade de partidos sem atentar ao cunho ideológico de cada agremiação.
Veja que já em 2015 registramos o recorde de apartidarismo quando 66% de brasileiros declarou não ter simpatia a qualquer partido político.
Diante disso em 2018 a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira — Perspectivas para as eleições de 2018, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o IBOPE identificou que nenhum partido político tinha a simpatia ou a preferência de quase metade dos brasileiros (48%), com margem de erro de ±2%.
O maior percentual de apoio foi ao Partido dos Trabalhadores (19%), seguido pelo Movimento Democrático Brasileiro (7%) entre outras agremiações. Pelo visto nada mudou até agora, estando às portas de 2024.
A partir daí tivemos no cenário político do Brasil uma avalanche divisória entre direita e esquerda como um procedimento quantitativo que arrebatou - a partir de 2018 - grupos de interesse (religião e outros seguimentos) pontuando figuras políticas e alguns partidos com toda sorte de chavões e abordagens de perversões de baixa coesão ideológica intrapartidária.
Ainda assim grande parte do eleitorado aderiu em massa nas redes sociais, contudo sem entender sequer o que acontecia. Era uma reprovação geral de políticos ou de partidos pontuado pelo “compartilhem”.
A partir desse momento presenciamos a emergência de abordagens nacionalistas proporcionando o declínio de alguns partidos políticos. Já outros foram excluídos ou aglutinados por novas agremiações. Isso não foi polarização, foi um “salve-se quem puder”.
Neste momento presenciamos a ascensão de uma nova pseudo ideologia política: o bolsonarismo, no entanto no final vimos que tudo era legitimado pela perversão do sistema representativo do governo. Isso durou exatamente quatro anos.
Até agora, seus seguidores teimam em “ressuscitar” a suposta polarização com a separação ideológica entre os campos (esquerda) liberal x (direita) conservador como uma dança de “dar e receber” com a causalidade do “pra frente e para trás”. Mas parece não estar dando certo. Apenas arrebata oposição política sem muito resultado prático.
Isso não é polarização política, é somente um “medir forças” politicamente já que os partidos políticos passam a ser o fator de “comportamento eleitoral”. Onde fica a ideologia partidária da polarização?
Na coreografia da atual política brasileira a desigualdade alimenta diretamente a suposta polarização política (a esquerda), e a mesma pseudo polarização, por sua vez, cria políticas que aumentam ainda mais a desigualdade (a direita).
Sendo assim a classificação partidária, que é uma maior correlação entre visões políticas e identificação partidária - claramente NÃO ocorreu ou ocorre no Brasil.
O resultado disso? O cenário legítima o atual posicionamento centrista dos partidos políticos - uma estratégia racional para angariar o maior número de votos. As eleições de 2024 vão provar isso
Com toda certeza a política não é lugar para os fracos!
O excesso de legendas partidárias prova facilitar a implantação de medidas e aprovação de leis, sem esforço para qualquer governo já que falta de opções ideológicas entre os partidos, cria uma “incongruência ideológica” entre governo e sociedade e questiona até mesmo o próprio entendimento lógico que temos sobre democracia.
👉🏻 Uma vez que o atual cenário político do Brasil não trata do fim da ideologia, mas de uma ideologia extremada;
👉🏻 não da fragilidade da pluralidade de partidos políticos, mas da força desses mesmos;
👉🏻 não mais do eleitor mediano, mas de um eleitorado de “base”; e, por fim,
👉🏻 não mais das políticas centristas, mas das políticas extremadas partidárias.
É isso que queremos de um regime democrático? Responda consciente cada eleitor!
Imagens disponíveis e retiradas do Google
Sites e links de pesquisas consultados e compilados alem dos já indicados no texto
https://plenarinho.leg.br/index.php/2017/02/historico-dos-partidos-politicos-brasileiros/
https://www.camara.leg.br/Internet/Deputado/bancada.asp
DiMaggio, Paul; Evans, John; Bryson, Bethany (1 de novembro de 1996). «Have American's Social Attitudes Become More Polarized?»
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