As guerras satisfazem as religiões monoteístas: Islã, Judaísmo, Cristianismo? O conflito Israel-Hamas em nova versão

القرآن, transl. al-Qurʾān, "a recitação”

Alegra-te em Deus, terra toda” (jubilate Deo omnis terra 🌎), essas palavras iniciam o Salmo 100

Ou “… serve a Deus com alegria” (servite Domino in laetitia)


Saiba que essas mesmas palavras começam Salmo 66, 98 e estão no Salmo 47 e 81 


Enquanto o Salmo 100  termina com um “de geração em geração a sua fidelidade…” 


Agora veja que o Salmo final 150,  concluiu com um “Louvai-o pelos seus poderosos feitostodo ser que respira” 


De acordo com Robert Bernard Alter, professor americano e um dos tradutores da Bíblia hebraica, o tema salmodico comum é de que os mortos não podem louvar a Deus, já estar humanamente vivo é celebrar as dádivas de Deus, o Deus capaz de resgatar o “recitador” do mundo inferior 

Qual é a diferença dessas ideias para o Islamismo, com adeptos totalizando mais de 1,9 bilhões de pessoas no mundo? Veja 

Islã ensina que Deus (Alá) é único e incomparável (monoteísta


No livro sagrado o Alcorão, os muçulmanos também acreditam nas revelações anteriores, como o Tawrat (Torá), o Zabur (Salmos) e o Injil (Evangelho)


Afirmam que haverá um "Julgamento Final" em que os justos serão recompensados no paraíso (Jannah) e os injustos serão punidos no inferno (Jahannam)


No todo a preocupação de comparar diz muita coisa, veja: 


Já há tempo demais que habito com os que odeiam a paz.

Sou pela paz, quando, porém, eu falo eles teimam pela guerra”, reza o Salmos 120:6-7


Consideramos nesse cenário comparativo a ponderação do uso do poder que no final de tudo, de ambos lados: judeus, mulçumanos e cristãos usam a linguagem para exaltar um único Deus, e terminam implorando para ouvir o pedido, dar atenção e ajuda


É a tensão entre a fala e o silêncio para grandeza de Deus que merece a complacência antes de ser alcançado. 


Nessas relações temporais, de esforços confiantes há a poderosa fraqueza: a morte de milhares de humanos nessas insondáveis e frequentes guerras


Josué, pintura de Carlo Maratta 

Somente os judeus, para garantir o seu território combateram essas guerras desde o início desse Século. Confira:


1º) Guerra árabe-israelense

(1948-1949) Israel contra a Liga Árabe :  (Arábia Saudita, Egito, Jordânia, Iraque, Síria e Líbano)

Vitória - Derrota da coalizão árabe; Acordo de Armistício.


2º) Guerra do Suez

(1956) Israel, com apoio Reino Unido e França, contra o Egito 

Vitória - Consolidação da nacionalização egípcia do Canal do Suez; adiamento da invasão egípcia a Israel;


3°) Guerra dos Seis Dias

(1967) Israel contra Egito, Jordânia, Kuwait, Iraque, Líbia, Síria, Arábia Saudita, Argélia, Sudão 

Vitória - Conquista e ocupação israelense dos territórios das Colinas de Golã (Síria), das Fazendas de Shebaa (Líbano), da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental (Jordânia) e da Faixa de Gaza e da Península do Sinai (Egito)


4°) Guerra do Yom Kippur (1973)

Israel contra Egito Síria e Iraque 

Vitória  - tática de Israel e cessar-fogo com a Resolução do Conselho de Segurança da ONU 338 levando à Conferência de Genebra.


5°) Operação Litani (1978) Israel contra Organização para Libertação da Palestina - OLP

Vitória  - Retirada da OLP no sul do Líbano.


6°) Segunda Intifada  (2000-2006) Israel contra Hamas e Al-Fatah Movimento de Libertação Nacional da Palestina

Vitória - Construção de uma barreira israelense na fronteira com a Cisjordânia.


7°) Guerra do Líbano de 2006 Israel contra Hezbollah 

Empate - Cessar-fogo e a Resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas


8°) Conflito Israel-Palestina 2021 Israel contra Hamas 

Ambos os lados clamam vitória com Cessar-fogo e Trégua declarada.


9º) Operação Espadas de Ferro 

(2023) Israel contra Hamas e Hezbollah recém entrou na guerra 

Em desenvolvimento 


Ocorreram mais guerras, é óbvio, mas citei aquelas que considerei as mais importantes


Agora foco na relação dessas guerras, e considere: 


A ideia monoteísta das experiências religiosas aqui alcançam uma autoridade contemplativa e emotiva com TODAS as mortes nos processos da guerra, afinal uma guerra não acontece sozinha precisa SEMPRE de um adversário 


De novo: 

A ideia monoteísta de um Deus é de que Deus está em TODA parte e é apresentada como o fato existencial em TODAS religiões, mas essa ideia é imediatamente APREENDIDA nas guerras. 

O ocultamento da face ou da presença de Deus é um dos maiores terrores da guerra

Parece haver o desenvolvimento de um dispositivo autoconsciente para produzi-la, e o resultado é o júbilo da morte, parecendo que os humanos estão a quase necessitar disso


Se há um Deus que precisa da função de linguagem para ser exaltado, vem em socorro e promete ajudar, 

Então o que é exaltado com as mortes dos adversários, que clamam por um Deus em uma guerra? 


“E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo 

se vingou de seus inimigos. 

Isto não está escrito no livro de Jasher?

 O sol, pois, se deteve no meio do céu, 

e não se apressou a pôr-se, 

quase um dia inteiro.” 

(Diz o livro de Josué (10), nascido no Egito, 

na batalha contra os amorreus, 

descendentes de Cam, filho de Noé (?)


Para o Deus capaz de paralisar a rotação do planeta Terra é, sem dúvida uma frequência que transmite uma ilusão persuasiva de mortes que não satisfazem ao mesmo Deus que comanda:  

alegra-te em Deus, toda a terra







Imagens disponíveis e retiradas do Google 

Textos de consulta: 

ALTER, R. The Art of Biblical Poetry, NewYork, 1985, cap.5

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