A verdade que está nos destruindo politicamente. É preciso destacar a diferença entre política e religião

A partir de 2019 o cenário político brasileiro foi inundado com uma breve e passageira moda de devoção a uma narrativa da Bíblia 
“…conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32)
O verso era recorrente e repetido pelo então presidente e algumas autoridades públicas da época da sua gestão 

Fundamental é não subestimar a intensidade da narrativa vernacular, por isso começarei com uma milenar história que vem dos antigos impérios da China. 

Contam que em um desses impérios da China milenar assumiu ao trono um jovem imperador. Sem ter esposa, deixou seus súditos ansiosos pela falta de um herdeiro. Aconselhado decidiu tomar uma esposa por imperatriz 

Para escolher a futura imperatriz convocou ao Palácio as mais belas jovens do reino, e durante a cerimônia de apresentação o jovem Imperador deu a cada uma das jovens um igual saquinho de sementes e ordenou:

- “Aquela que trouxesse as mais belas e perfumadas flores daquelas sementes, por ele selecionado seria escolhida como a nova Imperatriz”

O imperador dispensou as jovens marcando dia e hora da apresentação

No dia marcado o Palácio estava radiante para a cerimônia. Todas as candidatas eufóricas, exibiam além dos lindíssimos trajes, belos jarros com lindas flores em todo seu esplendor de cores e perfumes 

Destoava, nesse burburinho uma bela moça, de cenho franzido e triste, insistia em portar um belo jarro, mas sem nenhuma flor. Recebia, por isso, os olhares de desprezo e zombarias das demais candidatas 

O imperador na hora exata, observando uma a uma todas as jovens com suas belas flores anunciou sua decisão. 

Para surpresa geral escolheu a única moça que portava o jarro sem flores, enquanto anunciava:- Dei a todas vocês um saquinho de sementes, todas estéreis. A única que falou a verdade foi essa jovem retornando sem flores, por isso ela merece ser escolhida Imperatriz”.

Falar a verdade é um dos mais antigos princípios da moral política, no entanto vem sendo desprezado nos tempos atuais. 

As divergentes opiniões populares potencializadas nas redes sociais obriga tais mudanças no cenário político. Cada um tem opinião e tenta convencer a muitos. Quer mais? Vamos lá 

Como temos um verso bíblico rotulando recente no cenário político do Brasil, isso nos força a voltar ao berço do Cristianismo. 

Quarenta anos após a crucificação de Jesus Cristo o Imperador Romano era Tiberio Cláudio, assumiu por ser sobrinho de Calígula, recém assassinado e cujo maior feito entre os judeus foi o de exigir que o Templo de Jerusalém abrigasse uma estátua dele. 

Avalie a antipatia e a revolta dos judeus israelitas obrigados a prestar essa “homenagem” ao imperador Calígula 

Cláudio, pelo visto também não conseguiu conciliar o Império Romano já que foi sucedido por Nero, conhecido por botar “fogo em Roma”

Diante disso vemos que a ascensão de Cláudio a Imperador Romano não começou em ambiente pacífico junto as colônias judaicas. Isso piorava já que Cláudio era manco e gago, dai sua nomeação era creditada ser fácil de manipulá-lo. 

Porém Cláudio foi além, baixou decreto exigindo todos judeus se retirassem de Roma, o evangelista Paulo de Tarso faz referência a isso em Atos 18:1-2

Com um difícil clima político entre romanos, judeus e os recentes cristãos avalie as condições de “dizer a verdade enquanto, liberta”. Difícil não é? 

A maior lição que podemos tirar disso é: não se deve misturar política com princípios religiosos. A história prova que essa mistura nunca deu certo! 

Isso é bem definido nas palavras do mestre do Cristianismo durante a sua interpelação pelo Pôncio Romano Pilatos, na época o governador da Judeia, região onde nasceu Jesus Cristo 


Cristo na presença de Pilatos, 
Mihály Munkácsy, 1881

Quando Pilatos perguntou a Jesus: - ”
és tu Rei?”, veja que ascensão de Jesus entre o povo ameaçava o poder romano e o da elite judaica, Jesus lhe respondeu: -“Todo aquele que é da verdade, ouve a minha voz”.
Jesus não era Rei político ou sequer seu Reinado, daí como explicar isso ao governador romano Pilatos um adepto do paganismo romano

Ouvindo a resposta, Pilatos sem entender, com ironia rebateu: -“que é a verdade?. Isso ilustra que a verdade como moral política da história que contei no inicio não é a mesma verdade inserida no contexto dos princípios cristãos

Exatamente nesse complicado cenário o evangelista João alertava: Conhecereis a verdade… ela lhes libertará”, mas essa verdade cristã libertava do jugo mortal da escravidão do domínio judeu-romano, não era de cunho político. 

Incompreendido por Pilatos, o cristianismo não incitava revolta política como muitos, nos tempos atuais desejam conduzir 

Concluímos: 

A verdade de Jesus ameaçou o domínio político dos Judeus junto ao Império Romano 

A verdade da plebeia chinesa que alçou ao status de Imperatriz é a moral política

Enfim duas diferentes versões de uma mesma verdade: a liberdade 

É essa a verdadeira história do nosso berço político-cristão 

 



Imagens retiradas e disponíveis no Google 

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