Ser leal ou ser justo? Na vida como na política não dá para ser os dois. Temos sempre que escolher. Saiba sobre esse dilema





Ser leal ou ser justo? Esse dilema desafia a todos desde o início da história humana. Afinal não dá para ser os dois, na vida sempre temos que escolher a
lealdade ou justiça. Que conferir? Pois bem, vou te provar 



O livro mais antigo da Bíblia apresenta esse desafio na versão do paciente Jó. Vivendo uma confortável, produtiva e afortunada vida ele foi objeto de um desafio: perdeu tudo, riqueza, família, amigos e até mesmo sua saúde. Mas não hesitou um único momento, ainda que assediado por todos que o cercavam para rejeitar seus valores, a sua fé, nosso herói Jó, pacientemente não abriu mão da sua lealdade. 

A história de Jó permeia numa alegoria divina impassível entre a sua leal paciência ou a reclamada coletiva justiça, afinal ele havia perdido tudo porque não reclamar? 

Se no caso,  Jó tivesse se rebelado optando por justiça ele teria que abrir mão da sua lealdade ao Deus em que tanto confiava

Reparou na diferença entre ser leal ou justo? É isso, na vida sempre temos que escolher

O próprio líder dos cristãos Jesus Cristo enfrentou esse desafio: permaneceu leal aos seus princípios até a morte, já que caso optasse pela justiça todo o objetivo da sua vida mudaria. 

É difícil para muitos enxergarem  isso, porque é contumaz nosso hábito de rotular tudo, no entanto se realmente avaliarmos todas as circunstâncias das nossas vidas estamos sempre a encarar tal desafio, a enfrentar essa dualidade. Seja na vida familiar, amorosa, social ou profissional 

Não nos é permitido ser os dois na medida exata que as nossas atitudes não são dirigidas exclusivamente para nós e sim para os outros, agimos para os demais, no contexto da convivência social 

Na política não é diferente. Quer ver? Para assumir algum mandato eletivo é preciso primeiro, além de estar no gozo dos direitos políticos, ou seja alistado como eleitor. É necessário também a qualidade de ser elegível mediante votação direta, e para que isso ocorra a lei exige a filiação do eleitor a algum partido político. Só assim o cidadão passa a preencher a sua capacidade eleitoral: o direito de votar e o de ser votado


No Brasil adotamos o sistema de voto direto, qual seja, votamos diretamente no candidato ao cargo, muito embora a apuração dos votos válidos direciona ao resultado do voto de legenda (votos de um partido, coligação ou federação política) 


Dessa forma cada partido político é um grupo social reunido em torno de uma identidade única: valores, princípios e ideais circunscritos em um Estatuto partidário que deve estar registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). E é em torno dessas ideias e interesses que seus membros compartilham poder decisório nas esferas de governo 

Até aqui tudo certo, mas o que tudo isso tem a ver com ser leal ou ser justo? Calma, vou explicar 

O candidato para ser eleito precisa ganhar a simpatia, convencer eleitores e muitas vezes para alcançar esse apoio envereda por promessas e projetos incompatíveis com as ordens decisórias do seu Partido. Os ideais e valores as quais está filiado 


Veja bem o candidato promete, ou se compromete para influenciar eleitores com projetos ou ações que não vai cumprir, ou aprovar 

Depois de eleito, todas as matérias ou projetos de lei apreciados no Congresso exigem apoio político partidário para serem aprovados

Dessa forma, se algum projeto de lei ou matéria não é apoiado por determinado eleitor, ou grupo de eleitores, estes torcem pela rejeição ou não aprovação daquela matéria

Já o candidato que aquele eleitor ou grupo de eleitores ajudou a eleger não pode votar contra a orientação do seu Partido. No caso se o partido for a favor da matéria, ele também votará pela sua aprovação. Entendeu? 

Sendo assim um deputado não pode ser justo com seus eleitores sob pena de perder o seu mandato por infidelidade partidária,  Todo parlamentar deve lealdade aos valores e princípios do Partido a que está filiado. 

Mas essa punição não se estende ao poder decisório dos mais altos escalões de um Governo. Nele, seja um Presidente, Governador ou Prefeito estes podem livremente decidir a favor de ações, medidas ou tomadas de decisões mais justas com os seus eleitores. Nesse patamar podem muito bem optarem por serem justos com seus governados, invés de demonstrarem lealdade partidária aos partidos que representou ao se elegeram 



Cravou a diferença? Na eleição majoritária - cargos de Presidente da República, senadores, governadores dos Estados e do Distrito Federal e prefeituras com mais de 200.000 eleitores - não há dimensão desse desafio, seus titulares podem livremente se posicionarem a favor da lealdade ou da justiça com o seu eleitorado, sem impedimentos ou sanções

Mas isso não significa que escolher a lealdade ou a justiça não produz consequências nos governados, é claro que sim, toda decisão acarreta consequências 


O equilíbrio exato da balança política está na sabedoria da tomada de decisão de um governo. Isso reflete com certeza na qualidade de vida de toda a sociedade governada 



Diante de tudo isso é importante a cada eleitor refletir sobre quem merece seu voto, pois no final o exemplo provou: foi a leal paciência que resgatou a justiça, devolvendo ao paciente Jó tudo que ele havia perdido, não foi ao contrário. 

Decida sempre pela lealdade que no fim a justiça lhe acolherá 



Imagens disponíveis no Google 



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