O que está acontecendo com os estoques de petróleo no mundo? Isso vai influenciar os custos dos combustíveis?
Para entender esse cenário global do estoque de petróleo primeiro é preciso que entendamos o “Efeito Borboleta”. Sabe o que é isso?
Algo descoberto (quase por acaso) por Edward Lorenz quando trabalhava com previsões meteorológicas no MIT.
Ele viu a influência das pequenas alterações inseridas em computadores programados para fazerem cálculos em série.
Em fevereiro de 1998, computadores previram uma tempestade tropical sobre Louisiana (EUA) em três dias.
Daí detectaram uma pequena diferença nas medições já executadas, do deslocamento das massas de ar em maior velocidade na região do Alasca.
Em função das diferenças, refizeram os cálculos concluindo que tempestade em Lousiana não aconteceria, antes, era um tornado de proporções gigantescas em Orlando, na Flórida, registrado em 22 de fevereiro de 1998.
Quantos problemas não puderam ser antecipados com esse conhecimento não é?
“Efeito Borboleta” veio da “teoria do caos” ou seja, o “bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural e talvez provocar um tufão do outro lado do mundo”
Isso agora ocorre no mundo com os estoques de produção do petróleo
“A venda global de petróleo se recuperou em 2021 devido ao seu declínio histórico induzido pela Covid em 2020, quando ocorreu um colapso histórico”
Mas veja bem:
Essa demanda vai continuar aumentando nos anos imediatos, sendo, as suas perspectivas de longo prazo incertas.
Incertas por quê ? Por causa dos desafios dos combustíveis alternativos e da mudança de comportamento dos motoristas e passageiros.
Embora os mercados mundiais de petróleo se recuperaram do enorme choque desencadeado pela Covid-19, nem por isso deixam de enfrentar um alto grau de incerteza que está testando a indústria como nunca antes.
A previsão de demanda global de petróleo mudou para baixo, podendo atingir o pico mais cedo do que se pensava anteriormente
A causa disso em especial é o foco crescente dos governos na energia limpa, instalando políticas mais fortes na área, além das mudanças comportamentais induzidas pela pandemia que enraizaram.
Segundo o Relatório do Mercado de Petróleo -Abril de 2022 divulgado no site da IEA.org os estoques globais de petróleo diminuíram por 14 meses consecutivos. Os estoques de fevereiro em 714 mb (milhões de barris) ficando muito abaixo do nível final de 2020Quem são os países responsáveis por esse declínio ? Os países da OCDE respondem por 70% do declínio.
Os estoques totais da indústria da OCDE caíram 42,2 mb para 2.611 mb em fevereiro.
Muito embora, março tenha registrado um aumento dos estoques para 8,8 mb, ainda continua muito abaixo dos antigos 42,2 milhões de barris
Com isso os mercados de petróleo lutam para lidar com as perdas, em especial de suprimentos e deslocamentos decorrentes da guerra Russia-Ucrânia
Esses problemas vêm tendo foco do apoio de ações coordenados dos EUA e da AIE.
O cenário é muito preocupante. Veja: os países membros da AIE concordaram em 1o de abril em usar das suas reservas de emergência! Isso pela segunda vez no espaço de um mês, (março e abril) e desta vez no valor de 120 mb.
É a lei natural “de onde se tira e não se repõe, uma hora acaba”
Usar estoques novamente deu certo alívio no mercado de petróleo já apertado que enfrenta maior incerteza em meio à infinidade das repercussões de sanções, embargos e boicotes direcionados à Rússia pela comunidade internacional
O uso emergencial de 120 mb da reserva diminuíu em quase US$ 10/bbl, o preço do barril que foi fixado em cerca de US$ 104/bbl ou R$ 560,00 cada barril de óleo cru
Agora compare:
Muito embora o Ocidente continue a divulgar que o fornecimento e as exportações de petróleo russos continuam a cair, tem-se notícias que agora, em abril, cerca de 700 kb/d de produção foram supostamente fechados e que à medida que as refinarias russas estendem os cortes, mais compradores evitam comprar.
No entanto, os russos devem estar festejando isso Veja porquê:
Com o boicote, os barris de armazenamento do petróleo russo aumentam. Estocados a longo prazo
A matemática é simples:
✔️ À medida que aumenta a demanda nos países da OCDE + EUA, forçando-os a usarem mais os seus estoques,
✔️ Isso aliado à queda da produção global e com isso os preços do mercado caem
✔️ Grande parte da produção russa é estocada, já que não tem compradores
✔️ Em dado momento esse “bater de asas” vai se chocar com cenário global de “oferta e procura” do petróleo
Daí a pergunta óbvia a fazer:
A produção diária do petróleo russo continua;
Ainda que com queda, já que os compradores do petróleo sumiram aderindo aos embargos;
Onde os russos estão estocando toda essa produção? Produzindo, sem vender, é óbvio que estão estocando!
Aí que reside o mistério. Veja:Em 13 de abril a Reuters divulgou que a estatal chinesa de petróleo e gás - China National Offshore Oil Corp (CNOOC)- vai deixar o Ocidente preocupada de que os países ocidentais possam sancionar seus ativos, como aconteceu com a Rússia
No mesmo momento que o diretor-executivo da IEA.org, Fatih Birol diz que a redução do consumo de petróleo não é mais é uma medida temporária
Enquanto isso.
Petroleiros com milhões de barris de petróleo bruto da Rússia, Irã e Venezuela estão se acumulando na China, mas as sanções não são o problema, isso acontece porque o país luta contra a COVID-19
E tem mais, a retirada da Rússia, vai custar a Shell um impacto de até US$ 5 bilhões no primeiro trimestre de 2022
Já os russos evaporam-se nas brumas do mistério: “petroleiros russos que transportam petróleo e produtos petrolíferos estão desaparecendo dos sistemas de rastreamento.
A atividade escura ocorre quando os transponders de um navio são desligados por pelo menos algumas horas.
Essa atividade escura dos petroleiros russos aumentou 600% em comparação com antes do início da Guerra da Ucrânia,”
Divulgou a empresa de gerenciamento de riscos marítimos Windwardtold
Caramba, as borboletas globais vão continuar batendo suas asas enquanto o Ocidente “dá um tiro no próprio pé”. É pra rir? Ou chorar?
Imagens disponíveis e retiradas do Google
Sites de pesquisa e textos compilados
https://www.offshore-technology.com/news/shell-russia-withdrawal-loss/
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