Tem um leão rugindo na sua sala
Exatamente isso, observe a foto e pense: isso é possível? Claro que se trata apenas de uma equivalência figurada da realidade atual em que vivemos
O isolamento social exigido pela pandemia nos deixou mais suscetíveis à "pavimentação" das mídias e das redes sociais
Ampliou o número de pessoas, isoladas em casa e totalmente submersas na tela dos seus celulares ou notebooks absorvendo o vasto universo que elas representam, tipo "luz para a imaginação"
Mas no meio de todo esse cenário existe um "leão rugindo". Quer saber como e por quê? Vamos lá, eu explico isso
Veja esse diálogo:
": - Cara, você vive como um rei, mas nunca te vejo trabalhando. Já, eu vivo como um cão e não paro de trabalhar
: - Mas é exatamente esse o seu problema, você acha que se não trabalhar feito um louco, não chega a lugar algum"
E continua,
": - Você precisa tirar isso da sua cabeça. Parar de pensar tanto"
Um mero "passeio" em alguns perfis das redes sociais nos deixa essa sensação desalentadora, desestimuladora de que não vamos conseguir chegar a lugar algum. Tudo a nossa volta, em especial a nossa vida, não é tão inovadora, luxuosa ou agradável como a dos outros
É exatamente aí que o leão ruge! Quer conferir? Veja
Comparar-nos uns com os outros é parte central da experiência humana de viver: quando criança queremos um brinquedo novo igualzinho ao do coleguinha, já na adolescência disputamos quem tem o melhor aplicativo para impressionar nas fotos, quando adultos agradecemos o apartamento com varanda e a excelência da vista, enquanto o colega esta preso em um estúdio sem janelas
Isso é da natureza humana disputar com o outro
Atualmente um dos direitos fundamentais - previstos no artigo 5o. da Constituição - que têm como objetivo assegurar uma vida livre, digna e igualitária para todos não tem mais nenhuma eficácia
A segurança do seu domicílio, que está diretamente ligado ao direito à intimidade, e entende a casa como refúgio ou espécie de santuário está "quebrado" e sem valor
Pelas redes sociais eu conheço a sua sala, sei como é seu quarto, vejo seus animais de estimação, conheço sua cozinha, seu banheiro ou a sua área de lazer - da sua porta de entrada até a sua escova de dentes. Ninguém mais liga para essa "intimidade" enquanto o "leão ruge". O importante são as visualizações e os likes são muito mais interessantes do que o direito à "privacidade"
O que podemos fazer para o "leão parar de rugir?
Sua vida tem dificuldades e facilidades, muito trabalho e férias, lágrimas e risos, tristeza e alegria, festas e isolamento, almoço no seu lar e em um restaurante, confraternizações e conflitos. Não é apenas uma foto, de um desses momentos que muda isso
Ou seja, pare de pensar tanto no que vê nos perfis dos outros. O conteúdo inesperado da vida dos outros quebra rotinas dentro do seu pensamento tradicional, da sua vida diária
As redes sociais sempre vão oferecer algo novo, e diferente das suas práticas usuais, ou de como é a sua vida e suas rotinas
Muitas vezes as visualizações tiram essas pessoas das suas "zonas de conforto" por que aquelas situações ou suas condições não fazem parte da vida dela
Resultado disso: temos a tendência de ridicularizar, julgar ou dar reconhecimento a tudo aquilo que não faz parte do nosso cenário usual, tudo o que for inovador, ou inesperado
A ciência provou que existem apenas duas maneiras do indivíduo "coletar experiências" para sua vida, uma é adquirir o que já está na "prateleira", ou comprar o que todo mundo já tem, a outra é criar coisas que nunca existiram antes. Cabe a você decidir o que gostaria de expor da sua intimidade, da sua privacidade ou do refúgio do seu lar
Praticar um confronto habilidoso da sua "vida real" enquanto ainda desenvolve habilidades para controlar as idéias de disputa com o outro requer muita coragem. É não julgar, é bastante agir como mero expectador
Agora, questione-se: por que eu preciso agir assim? Por que ouvir sempre o "leão rugindo" na minha sala?
Porque é assim que expandimos nossa liberdade de agir sobre o que é mais importante para nós
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